Portugal;

O segundo caso é este: Nuno Santos foi vítima de uma cilada para colocar a Direcção de Informação (DI) da RTP ao serviço do governo. O assunto ficara esclarecido com o Conselho de Redacção, a Comissão de Trabalhadores e o "director-geral" Luís Marinho (entre aspas porque o cargo continua ilegal), e, através deste, com a administração.
Apesar disso, o caso foi reavivado três dias depois pelo "director-geral" e pela administração. Porquê? A meu ver, o "director-geral", o ministro Relvas, e o seu homem na administração, Alberto da Ponte, aproveitaram o caso para desgastar Santos, que vinha a desenvolver uma informação mais independente do poder político, desagradando a Relvas e relvistas na RTP. Apesar de esclarecido o assunto, os relvistas, pensando melhor, concluíram que podiam explorar o caso. Santos, percebendo a cilada, demitiu-se. Foi uma cabala própria dos mais ruins regimes de propaganda, autoritarismo e desinformação. O resto é fumaça, como o inquérito sumário e pré-decidido, tipo pré-25 de Abril, que Ponte mandou fazer. Ponte, cuja capacidade de gestão ainda não se viu, politicamente provou a sua submissão ao ministro Relvas.
Resultado? A administração de Relvas indica Marinho para DI. É escandaloso, em termos institucionais, que um antigo administrador da RTP regresse à DI. Ainda por cima, ele, o principal responsável pela informação, não só ficou de fora das acusações da administração, como é nomeado para DI. Se for aceite pela ERC, será um dos mais graves atentados à ética do jornalismo e da informação em Portugal nos últimos anos. E, jornalisticamente, é ainda mais escandaloso, conhecendo-se o tipo de relacionamento de Marinho com os governos (Sócrates e Relvas).
A tomada do poder da informação pelo relvistas inscreve-se na história: o poder político considera a RTP como sua, não como do Estado para servir os portugueses. Não há meio de sair deste ciclo infernal criado por PS e PSD; a independência das DI é uma excepção na habitual submissão.
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