A reunião da próxima sexta-feira do comité central do Partido Comunista vai ser seguida com interesse. Após a ameaça de Jerónimo de Sousa de lançar uma moção de censura ou viabilizar um chumbo ao Governo vindo de outro partido mudou o cenário político.
Marcelo Rebelo de Sousa chegou a atestar a certidão de óbito do Governo de José Sócrates. A morte do Executivo ainda não se confirmou, mas a partir de 9 de Março, data a partir da qual o Presidente pode dissolver a Assembleia da República, o Governo terá tolerância zero.
Se o PCP lançar a bomba atómica precisa da aprovação do PSD e do CDS para derrubar o Governo. Mas esta aritmética parlamentar pode não se traduzir em maioria política imediata se PSD e CDS tiverem reticências em deixar passar uma moção de censura com a matriz ideológica de Esquerda.
O PCP é que não tem mesmo nada a perder. A moção de censura, mesmo que entregue o poder à Direita, é uma questão de sobrevivência política. O verdadeiro adversário eleitoral dos comunistas é o Bloco, que sofreu uma erosão nas sondagens por causa da colagem ao PS nas presidenciais. Com os cortes de salários na Função Pública e a geração dos jovens sem emprego na casa dos pais, Louçã e o Bloco desperdiçaram com Alegre uma hipótese histórica de captar as vítimas urbanas do Governo de Sócrates: os funcionários públicos e a juventude que se revê na canção dos Deolinda.