Na primeira vaga, os efeitos do coronavírus importado da China chegavam com algumas semanas de atraso, o que deu a falsa ideia do País mais ocidental da Europa ser um caso exemplar.
Durou pouco a exceção portuguesa, mas permitiu organizar em Lisboa a final da Champions. Depois, o planalto de casos e os números trágicos de mortes em lares mostraram erros e omissões inadmissíveis das autoridades públicas na gestão da pandemia.
Mas o verdadeiro inferno chegou nos primeiros dias do ano novo, já depois das liberalidades do Natal e do início propagandístico da campanha de vacinação, que avança a um ritmo de caracol. A terceira vaga coloca Portugal entre os piores do Mundo. E já não é possível ter a certeza absoluta se os números de ontem são reais, ou se foram maquilhados para a imagem não ser mais assustadora.
O desespero das longas filas de espera dos hospitais contrasta com a dificuldade dos portugueses em confinar, mas no meio desta guerra que vai fazer mais vítimas portuguesas do que a Guerra Colonial, a fadiga dos cidadãos é aumentada pelos ziguezagues da liderança política.