A pouco mais de duas semanas das eleições, a clareza política não é o tópico dominante. A sondagem que o CM hoje publica é sintomática.
António Costa é melhor primeiro-ministro do que Rui Rio, mas os portugueses não lhe dão a maioria absoluta que pede. A maioria de votos à esquerda ganharia, mas o PS tem vindo a fechar as portas aos seus velhos parceiros de geringonça. Desenha-se uma nova ecogeringonça com o Livre e o PAN, mas os votos não chegam.
O PSD sobe, mas os votos do centro-direita precisariam do Chega para governar. Por fim, o elevado número de indecisos pode baralhar todos os cenários. Se o voto útil funcionar à esquerda ou à direita, na verdade, tudo pode acontecer.
E tudo isto seria um sinal de grande vitalidade da democracia portuguesa se as eleições tivessem um elevado nível de participação, a campanha fosse muito esclarecedora e o compromisso, a negociação de alianças escoradas em medidas concretas, fosse um hábito nacional. Infelizmente, o caminho parece ser outro. Deslizamos para uma paralisia pastosa do sistema político e das instituições.
Se não sair destas eleições uma solução clara de governo, arriscamos perder mais uma década.