Eduardo Catroga, antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva, contou-nos há dias como entrou na política. Aos 50 anos, já tinha autonomia financeira para poder aventurar-se pelos caminhos da política. Por isso, respondeu positivamente a um convite do seu compadre Cavaco Silva, e fez "o sacrifício de ir para a política". Não vale a pena regressar a algumas contradições das suas palavras, na entrevista que deu ao ‘Público’. Nem à apregoada obra, ou ao tom condescendente com que fala do País e dos portugueses. A única coisa que vale a pena, passadas algumas semanas, é um pequeno exercício de memória. Eduardo Catroga, pela altura em que decidiu ir para o Governo, não era apenas um homem endinheirado. Tinha já a garantia de uma reforma absolutamente dourada. Aí pelos idos de 1995, dias antes das eleições que o PS ganhou, ficámos a saber, por uma investigação do ‘Público’, que tive a honra de assinar, que Catroga, enquanto administrador da Sapec, tinha transformado um fundo de pensões numa reforma milionária para si e em pensões miseráveis para os trabalhadores. Quando se reformou em 2007, com 9673 euros mensais, isso resultava também do enorme contributo dado pelo fundo de pensões da Sapec. Uma pequena amostra da histórica e ilimitada avidez de algumas das nossas elites. Nada de muito novo na história de Portugal, mas sempre indispensável recordar.
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