Isabel dos Santos decidiu quebrar o silêncio para, na verdade, dizer pouco. A outrora mulher mais rica de África tem, ainda assim, uma ou outra declaração surpreendente na entrevista dada à alemã Deutsche Welle. Descobriu agora, por exemplo, que o MPLA, reeleito em Angola e que durante 40 anos apoiou o seu pai na presidência do país, afinal é um partido corrupto.
Mas há mais. Durante 40 minutos, Isabel dos Santos agarrou-se a uma ideia básica de onde não saiu: As revelações do caso ‘Luanda Leaks’ foram "uma encomenda" do Estado angolano para provar que a empresária desviou verbas da Sonangol no ano e meio em que liderou a petrolífera. Prática que terá motivado a emissão de um mandado de captura pela Interpol, que diz desconhecer.
A desfaçatez com que Isabel dos Santos fala de quem a acusa é um sinal de que a influência da empresária chegou ao fim da linha. Sendo igualmente certo que um Estado que se quer transparente e só investiga a opacidade da Sonangol no curto mandato de Isabel dos Santos está longe de ser idóneo. João Lourenço só demonstrará seriedade quando promover uma sindicância séria a todos os antecessores da filha do antigo presidente.