Num prédio de luxo em Lisboa, junto a Sete Rios, que agora começa a ser habitado, os apartamentos que já custam milhões de euros pagam uma mensalidade média de condomínio que se aproxima dos 900 euros. Acontece que esse valor é muito próximo do ordenado médio líquido de um trabalhador na cidade. Em causa não estão as casas de luxo nem os valores dos condomínios, porque é sinal que há mercado para elas e estes negócios pagam impostos e geram serviços com valor acrescentado para a economia, desde a decoração de interiores a serviços financeiros e administrativos. O problema é que na cidade há muito tempo que se deixou de construir habitação para gente que trabalha e vive com rendimentos médios modestos. O fenómeno não é exclusivo da capital, mas é mais notório nas duas maiores áreas metropolitanas do País e nos concelhos algarvios com mais pressão turística. A culpa é do Governo, que até recentemente se tinha esquecido que sem construção de casas haveria um problema social, mas também é das câmaras municipais que enriquecem com o IMT e IMI e esquecem a sua população que não consegue comprar nem arrendar casas decentes com o seu salário. Quando Medina era autarca de Lisboa foi apresentado um plano ambicioso de arrendamento acessível. Com Moedas o projeto marca passo e as famílias trabalhadoras têm de ir viver cada vez para mais longe ou ficar em casa dos pais.
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