Um relatório da Comissão Europeia diz que Portugal e Malta são os países da UE menos expostos ao impacto económico da guerra. Já Marcelo tinha dito que Portugal até era um beneficiário líquido por causa da atração do turismo e do investimento.
É verdade que o turismo está a ser o motor da retoma e o PIB este ano vai acelerar para um ritmo que não estávamos habituados. Mas o problema das análises macroeconómicas é esquecerem frequentemente os impactos reais na vida de empresas e famílias. E por isso não passam de falsos mitos. A galopante inflação está a custar às famílias uma pesada fatura extra mensal. Nos primeiros meses do ano, os salários médios perderam 25 euros de poder de compra e esse prejuízo vai agravar-se.
Por causa da inflação, a subida de juros vai ser antecipada, levando mais rendimento disponível a milhares de famílias endividadas e criando um problema para o Estado: o peso dos juros da dívida vai pesar cada vez mais no orçamento.
Mas a guerra trouxe outro dano. A Europa, que durante décadas conseguiu construir um estado de bem-estar social, porque poupava nas despesas militares, está a ser palco de uma campanha para o rearmamento que vai desviar dinheiro para a Defesa. O Mundo, com a invasão da Ucrânia, está mais instável e as famílias portuguesas também são severamente castigadas.