O Governo recuperou as moratórias para fazer face à subida das taxas de juro e ao aumento do custo de vida. Chegou tarde, porventura fica aquém do que seria desejável, e acaba por aumentar, a prazo, a fatura dos juros. Tudo verdade. A oposição e todos os que criticam a insuficiência das medidas têm alguma razão, mas ela esbarra em duas ou três pequenas coisas. A verdade é que também chegámos ao mais possibilista dos tempos em matéria de gestão política e das expectativas sociais. Quem beneficia das medidas recebe-as como um alívio. Lembrará que, na pandemia, as moratórias também eram um precipício, mas a coisa acomodou-se sem grande dor. Depois, estamos a falar do coração da autonomia privada em matéria contratual, o contrato celebrado entre um banco e um particular, onde é muito difícil a entrada de qualquer poder público. A solução intermédia conseguida compromete os bancos dentro do possível. Por fim, e aí sim, seria necessário um verdadeiro e alargado compromisso, este é apenas um paliativo, que não ataca o grande problema: a falta de casas a preços acessíveis. Ora, nesse campo, o governo e o PS deram ontem mais um deplorável passo. Aprovaram o pacote ‘Mais Habitação’ ignorando as críticas do Presidente da República e da oposição. Como se tivesse a solução mágica na manga. Ilusão muito perigosa.