A procuradora-geral da República abriu um inquérito para esclarecer se há irregularidades na constituição de Luísa Salgueiro como arguida. Tendo em conta os termos em que a questão foi colocada pela autarca, dizendo que é vítima de um erro grosseiro do Ministério Público, Lucília Gago fez bem.
O inquérito foi aberto a 17 e se a questão fosse tão simples como Luísa Salgueiro a definiu, já saberíamos o que aconteceu. Para a salubridade do regime é essencial que se confirme, ou não, a tese da "influência conjugada" escrita pelo procurador do caso, remetendo para uma cunha triangulada por Salgueiro, Manuela Couto e Laranja Pontes. Preenchendo, portanto, os pressupostos do crime de tráfico de influências. Ou se, pelo contrário, o dito procurador exorbitou a letra da lei, valorizando sem nexo escutas telefónicas que falam da promoção da chefe de gabinete, filha do presidente do IPO, assinatura que deu 360 mil euros a Manuela Couto.
Luísa Salgueiro invocou a sua condição de jurista para falar de um erro grosseiro do MP. Acreditamos que o seu saber será suficiente para perceber que, o que está aqui em causa, é muito mais do que a "invenção" de que se queixou há dias.