A Igreja deu um passo atrás na questão dos abusos sexuais. Não se esperava que os bispos reunidos em Fátima fossem tocados pelo Divino, ou recebessem a visita de Nossa Senhora para os orientar. Da Igreja portuguesa já não se esperam milagres. Mas exigia-se muito mais de quem pecou durante décadas e continua a pecar.
Exigia-se que os sacerdotes suspeitos de atos de pedofilia ainda no ativo fossem imediatamente suspensos; exigia-se que os bispos que encobriram os abusos resignassem; exigia-se que fosse constituída uma nova comissão independente para continuar a investigar os abusos sexuais, mas verdadeiramente independente, não sob a tutela da instituição, como proposto; e exigia-se que a igreja se tivesse disponibilizado para indemnizar as vítimas, como prometeram destacadas figuras, caso do bispo auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar, o rosto da Jornada Mundial de Juventude, onde vão ser gastos milhões e milhões à toa.
O que saiu do encontro foi um aligeirar de culpas e responsabilidades. Na prática, a conferência episcopal lavou as mãos como Pilatos. Não estranha, por isso, que a comunidade católica se sinta traída. A seis meses da visita do Papa Francisco não é um grande cartão de visita para quem iniciou está luta e prometeu um combate sem tréguas contra os abusadores. Em Portugal, está visto, ou não o ouviram ou não o levaram a sério.