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Correio da Manhã

Opinião

"Ser a voz de diferentes credos não será o maior desafio de Carlos III", por Alfredo Leite

O Reino ficará Unido?
Alfredo Leite(alfredoleite@cmjornal.pt) 6 de Maio de 2023 às 21:33
Alfredo Leite
Alfredo Leite
A mais antiga democracia do Mundo prestou a esperada vassalagem a Carlos III e coroou com pompa o chefe de Estado que não é eleito pelo povo que o venera. O paradoxo vem com a fatura monárquica que, no Reino Unido, é cada vez mais cara. Perante a bíblia, o rei que, por inerência, é líder da igreja anglicana jurou respeito pela lei e “governar as pessoas do Reino Unido, da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, dos reinos e territórios, de acordo com as suas respetivas leis e hábitos”. Não poderia ser de outra forma. A assistir à promessa em Westminster estava Rushi Sunak, o primeiro-ministro britânico que é hindu e, espalhados pelo país, os quase 4 milhões de muçulmanos cidadãos do reino (menos de um milhão em 1991). Ser a voz de diferentes credos não será o maior desafio de Carlos III. Tão-pouco o será unir a desavinda família real.

O neófito monarca de 74 anos terá durante o seu reinado o desafio maior que é o de manter o Reino Unido. O primeiro-ministro da Austrália, relevante nação da Commonwealth, jurou lealdade ao rei, mas já avisou a intenção de “ver um australiano como chefe de Estado. Mas nenhuma ameaça será tão simbólica como a que está na mão dos escoceses. Se a Escócia ousar - como se espera - voltar a referendar a independência, Carlos não poderá manter a sua anterior neutralidade. Ou, em caso de vitória do ‘sim’, será cúmplice do fim do Reino Unido.
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