O ambiente na República, como sabemos, não está saudável. A economia vai andando, mas o sistema político vai mal. Os casos que assolam o Governo dividem-se entre os que estão relacionados com investigações criminais e os que resultam de um ambiente clientelar, que atravessa alguns setores dos dois maiores partidos.
O resultado disto é um estrangulamento brutal. O Governo enfraquece e a alternativa fica quase pior. No meio desta confusão, percebe-se que Marcelo resista aos discursos da catástrofe e que Costa siga o seu caminho, resistindo à pressão, cedendo quando já não pode, focando-se na tentativa de ver valorizada uma agenda que olhe para o que o Governo está a fazer bem.
Vão sobrando umas certezas. António Costa nunca poderá ser acusado de querer controlar a Justiça. Tem créditos enquanto ex-ministro da Justiça e primeiro-ministro. Também é reconfortante saber que Marcelo é um Presidente que não cede em questões essenciais do regime.
Resta saber se o Ministério Público, no meio do foguetório generalizado, faz o seu papel. E bastava que o fizesse bem apenas num processo como o ‘Tutti Frutti’, que tem ingredientes explosivos para o regime, para que a própria Justiça funcionasse como um elemento de respiração democrática. Aguardemos os próximos capítulos.