Regresso do bloco central
Os resultados impõem aos partidos o regresso ao diálogo e negociação.
As notícias sobre o fim do bipartidarismo são claramente precipitadas. Para os que pensavam que o poder do PSD e do PS fazia parte do passado, o resultado das autárquicas serve como prova da enorme resiliência dos dois maiores partidos, fundada essencialmente na implantação local. Isso já tinha ficado indiciado na dificuldade do Chega em arranjar candidatos credíveis num punhado de municípios relevantes, bem como na enorme aventura em que se tornou a formação de um governo-sombra. É certo que, muitas vezes, os partidos tradicionais funcionam como agências de empregos. É a parte negativa do sistema. Mas isso significa também que PSD e PS agregam gente capaz e disponível para o serviço público, mesmo que nem sempre pelas boas razões. André Ventura tem muito caminho pela frente para consolidar o carisma pessoal e amadurecê-lo em estruturas partidárias sólidas e duradouras. O voto de ontem acentuou também a necessidade de diálogo. Na maior parte das grandes cidades, os partidos vão ter de negociar soluções para governar os municípios. A mensagem é clara: a temperatura do debate político, cada vez mais emocional e agressivo, deve baixar, de forma a trocar a tensão pela capacidade de construir consensos. Também isso faz parte de um voto que regressou aos princípios básicos do sistema.
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