Uma imagem vale mais do que mil palavras, como concluiu o filósofo chinês Confúcio, há 2500 anos. Mas na terrível tragédia que se abateu sobre o povo palestiniano, vale por todas as palavras. Mais do que as manifestações, as palavras de indignação, as bandeiras da Palestina ou o keffiyeh, foram as imagens que nos chegaram da terra dos “cadáveres andantes” que deixaram o mundo em choque. Crianças esqueléticas, com os ossos à mostra e braços da gordura de um dedo. A fome é tanta que já nem conseguem chorar. Muitas acabam por morrer nos braços da mãe ou esquecidos numa enfermaria de um hospital em ruínas.
Não é de agora que a fome se instalou no enclave palestiniano. Há meses que mais de dois milhões de almas passam dias sem comer. Nos centros de distribuição de alimentos, a hipótese da corrida a um grão de arroz acabar no cemitério é elevada.
Mas o que vimos esta semana é diferente: é a morte ao vivo de corpos que deixara, de receber alimento. O incómodo junto de alguns dos principais líderes políticos mundiais – não todos, há gente sem coração nem pingo de humanidade – foi evidente e o primeiro sinal veio da França, com Macron a anunciar o reconhecimento do Estado palestiniano. Não enche a barriga ao povo sem esperança de Gaza, mas haja fé e acreditemos que, se outros repetirem o grito, o barulho se torne ensurdecedor e talvez quem faz a guerra e a alimenta comece a ouvir o mundo e pare com esta loucura.
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