Eduardo Dâmaso

Jornalista

Diálogo e compromisso

11 de abril de 2024 às 00:31
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O Governo avança com um programa em que procura abrir o diálogo com as oposições, incluindo propostas destes partidos. Percebe-se o gesto político. Não deve ser desvalorizado, ainda que seja uma declaração puramente formal. O facto de as propostas da oposição serem incluídas no programa não significa mais do que uma disponibilidade para conversar. Mas é melhor lá estarem do que não. Não há que ter ilusões no atual contexto político. Luís Montenegro tem de procurar os compromissos que façam funcionar a legislatura e isso só acontecerá se todos forem capazes de defender o interesse dos portugueses, não abdicando da sua coerência programática. Num contexto de minoria absoluta, nem o Governo pode pretender realizar todo - e apenas só - o seu programa, nem as oposições podem funcionar apenas numa dimensão de mera guerrilha. Chegámos a um tempo em que se impõe alguma germanização, digamos assim, do sistema político. Sem compromisso, sem diálogo, sem concertação, funcionando apenas em função dos interesses aparelhísticos e de poder dos partidos, a política não só se torna dispensável, como acaba por adquirir a dimensão ‘bordaliana’ que ninguém quer. Sim, transforma-se na porca da política, imortalizada por Bordalo Pinheiro. Se é isso que querem…

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