Com a caça ao populista aberta, paira um bizarro silêncio sobre o homem “suprapartidário”, o tal que põe Portugal primeiro, que tem a vantagem de “não ser um político tradicional”. Descansemos, portanto, porque ninguém se inquieta com o homem. O sol de amanhã vai brilhar, como diria Nanni Moretti. Descansemos, Gouveia e Melo é um puro, o homem salvífico que vai acabar com o improviso, que vai endireitar a justiça e a proteção civil, que percebe de tudo, que consegue fazer a quadratura do círculo entre a economia liberal e o estado social, que vai pulverizar o velho ‘sistema’. Descansemos, pois, Gouveia e Melo é o homem do “motor sem atritos”, que vai pôr a máquina a funcionar em pleno, conduzindo-nos a um futuro prometido e nunca alcançado. Abençoado pelos amigos americanos, vai caçar os traficantes, Putin e outros bandidos, criando um inultrapassável padrão de segurança. Gouveia e Melo já prometeu tudo. Sobretudo o que não pode cumprir, por não fazer parte dos seus poderes e competências, mas, enfim, não tem mal. Num ambiente geral e insano de “politiquice”, o que pode um homem virtuoso, apesar de rodeado por uma guarda pretoriana onde abundam as biografias impecáveis para limpar as imundas estrebarias de Augias, fazer muito mais!? Que lhe valham os intrépidos e despojados generais como Ângelo Correia e Isaltino Morais para tão impossível missão!
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