O Presidente dos Estados Unidos pode não ter ganho o Nobel da Paz que, diz-se, tanto desejava, mas quando chegar a Israel - estava previsto que aterrasse em Telavive ao início da manhã desta segunda-feira - sentir-se-á glorificado pelos israelitas. Donald Trump transformou-se no grande herói de Israel, onde quase todos lhe atribuem a responsabilidade pelo regresso a casa dos reféns - vivos ou mortos -, mais do que o fim da guerra em Gaza, que é matéria mais fraturante na sociedade judaica. À hora a que esta crónica foi escrita, esperava-se que a libertação da totalidade dos reféns feitos pelo Hamas a 7 de outubro de 2023 pudesse acontecer às primeiras horas de segunda-feira. A antecipação, em quase 24 horas, da entrega pelos radicais palestinianos dos sequestrados, no pior ataque terrorista que Israel sofreu, não é obra do acaso. Coincide com a chegada de Trump ao país para que o obreiro da paz em Gaza os possa exibir como troféu. Será um episódio relevante na glorificação de Donald Trump, que, ainda no sábado à noite, foi fortemente ovacionado quando a intervenção surpresa do enviado especial dos EUA ao Médio Oriente, Steve Witkoff, o referiu repetidamente durante uma ma- nifestação gigantesca em Telavive. Talvez involuntariamente, Trump atirou o amigo e líder de Israel, Netanyahu - muito vaiado na mesma manifestação -, para um plano secundário em todo este processo. Netanyahu eclipsou-se politicamente na sombra de Trump.
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