A política está escravizada pela economia. Neste terreno, mais confortável para Passos Coelho, António Costa procurou fugir dos salpicos enodoantes do nome de Sócrates. Passos sentiu a fraqueza e exagerou na arma. Sócrates, Sócrates, Sócrates.
Só no intervalo do debate Costa encontrou o antídoto. Num golpe genial, colocou- -se acima e longe de Sócrates, ao repetir as saudades que Passos teria de debater com o preso em casa. A segunda parte do debate correu bem para Costa.
Para o dia seguinte às eleições, importa reter a educação e o espírito democrático dos dois candidatos. Costa e Passos, pela vontade do Povo, podem estar condenados e entender-se. A têmpera democrática, que a ambos distingue, permite manter alguma confiança no futuro de Portugal.
Quer António Costa, quer Pedro Passos Coelho são homens de Estado. Dois políticos bem preparados - Costa com maior profundidade académica, Passos dono de um fino instinto político moldado em décadas de lideranças várias. Nenhum deles tem como objetivo de vida enriquecer por meios ínvios. Quer Costa, quer Passos sentem atração pelo poder e pelo serviço público.
Muitos dos projetos que agora parecem inconciliáveis - como os que visam reformas sobre a Segurança Social – são mais complementares do que agora pode ser verbalizado pelos dois líderes. Passos e Costa, ambos pedem uma maioria absoluta.
Talvez estejam condenados a tê-la. Em comum.
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