André Ventura fala "em dia histórico" no arranque da manifestação do Chega contra "imigração descontrolada"

Quase três mil pessoas aderiram ao protesto em Lisboa.

29 de setembro de 2024 às 16:34
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O presidente do Chega afirmou que este domingo é "um dia histórico", dizendo que se juntaram "quase três mil pessoas" em Lisboa para se manifestarem contra a imigração que o partido considera estar descontrolada.

"É uma manifestação histórica, no sentido em que é a primeira vez na história de Portugal em que um grande movimento sai à rua para dizer que quer não acabar com a imigração, mas controle na imigração", disse, poucos minutos antes do arranque da manifestação, perto das 16:00 em Lisboa.

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Ventura não quis responder sobre a presença de elementos de movimentos de extrema-direita, como Mário Machado, dizendo que quis que "toda a gente que venha a esta manifestação venha por bem", dizendo que houve um grande esforço do Chega para que o protesto seja seguro.

"Espero que o Governo, espero que a Assembleia da República, espero que o país perceba, se não pararem a tempo, nós também não pararemos. Este movimento não parará de crescer", disse.

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A manifestação arrancou em direção ao Rossio com gritos de "nem mais um, nem mais um".

André Ventura disse estar a citar números da PSP, que seriam confirmados mais tarde, para falar de cerca de três mil pessoas na rua, o que considerou ter uma razão.

"Portugal está a ter uma imigração descontrolada. Nós estamos, neste momento, entre 10% a 15% de população imigrante. É um número que supera até países históricos de imigração na Europa e o governo socialista, quer este governo, não mostram intenções de mudar essa política", acusou, dizendo que "é por isso que o povo tem de sair à rua".

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O líder do Chega disse que o partido defende "um país aberto a quem quer vir por bem, a quem quer vir trabalhar". Questionado como é feito esse controlo, respondeu que anualmente a Assembleia da República terá de definir quotas "e só esses entrariam consoante as necessidades da economia".

Questionado sobre o que fazer se mesmo esses cometerem crimes, Ventura defendeu que só há uma solução.

"Quem cometer crimes em Portugal, sendo imigrante, só tem um caminho, a deportação. É isso que nós defendemos", afirmou, alegando que não é isso que tem acontecido em Portugal.

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Já sobre a contramanifestação marcada para o Intendente, disse esperar que todos tenham respeito pelas ideias do Chega.

"Espero respeito de todos. Quer os que vieram à nossa manifestação, mas também os que estão do outro lado", afirmou.

À pergunta se as pessoas que fogem da guerra não devem ser recebidas em Portugal, Ventura respondeu afirmativamente, mas contrapôs que "quem está a vir de Marrocos, quem está a vir do Senegal, quem está a vir do Nepal, não está a vir de nenhuma guerra"

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"Ou nós acabamos com isto ou um dia não haverá país que sobreviva e não há fronteiras que sobrevivam. Este domingo é a primeira vez, como digo, que nós vemos milhares de pessoas nas ruas de Lisboa a defender isto", disse.

Sobre os benefícios da imigração para a segurança social, o líder do Chega argumentou que "o controlo da imigração terá boas consequências na economia".

"Entrará quem quer vir contribuir e quem quer vir trabalhar e as necessidades da economia portuguesa não entrará quem já não cabe na quota portuguesa", disse, alegando que a imigração "não pode ser vista só na segurança social", dizendo que o excesso de imigrantes traz consequências negativas na saúde ou habitação.

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O líder do Chega apontou para exemplos que considera negativos, como Alemanha e França: "Nós não nos queremos tornar num desses países caóticos. Não nos queremos tornar num desses países sem controlo de imigração. A Alemanha está agora a mudar as políticas de imigração. Porque é que nós deveremos mantê-la?".

À hora prevista para o início da manifestação, juntavam se no jardim da Alameda, em Lisboa, mais de um milhar de pessoas com bandeiras do Chega e de Portugal, que iam gritando o nome do partido e do país e entoando o hino nacional.

No local estava um forte dispositivo policial, com várias carrinhas da policia de intervenção.

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Cerca de 20 minutos antes do arranque, chegou ao local o líder do movimento de extrema-direita 1143, Mário Machado, acompanhado de algumas dezenas de pessoas, na maioria vestidos de preto, que se concentraram a alguns metros dos manifestantes e entoaram cânticos como 'Portugal é nosso e há de ser'.

A Amnistia internacional deslocou também para o local três elementos para observar o protesto, designado pelo Chega "Salvar Portugal".

Contactada pela Lusa, a Polícia de Segurança Pública (PSP) disse que conta com um reforço policial, "necessário e ajustado", para acompanhar a manifestação "Salvar Portugal", marcada pelo Chega contra a imigração, e uma concentração designada "Não Passarão", promovida por coletivos antifascistas, considerando a possibilidade de se cruzarem, apesar de o parecer que deu à Câmara Municipal de Lisboa, e que foi aceite, foi para que ambas não acontecessem em simultâneo.

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A população estrangeira em Portugal aumentou cerca de 33% no ano passado, totalizando mais de um milhão de imigrantes a viver legalmente no país, segundo um documento apresentado em junho pelo Governo.

De acordo com o executivo PSD/CDS-PP, a maior parte das autorizações de residência atribuídas em Portugal são para o exercício da atividade profissional.

O documento indica ainda que as migrações contribuem para "a revitalização demográfica e o aumento da população ativa", tendo a maior parte dos estrangeiros residentes em Portugal entre os 25 e os 44 anos.

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Estes dados foram apresentados após o Conselho de Ministros em que foi aprovado o Plano de Ação para as Migrações, tendo, na altura, o primeiro-ministro rejeitado "qualquer ligação direta" entre a "capacidade de acolher imigrantes e aumentos de índices de criminalidade".

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