“A minha guerra é combater a fome no Brasil”, diz Lula da Silva durante visita a Portugal

Presidente brasileiro defende via negocial para a paz, mas Marcelo acredita que o fim do conflito na Ucrânia pressupõe defesa do território.

23 de abril de 2023 às 01:30
Cimeira, Brasil, Portugal, Lula da Silva, Marcelo Rebelo de Sousa Foto: Pedro Catarino
Lula da Silva, António Costa, Cimeira, Brasil, Portugal Foto: Pedro Catarino
Lula da Silva, António Costa, Cimeira, Brasil, Portugal Foto: Pedro Catarino
Cimeira, Brasil, Portugal Foto: JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

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O Presidente do Brasil, Lula da Silva, condenou este sábado, em Lisboa, a invasão da Ucrânia por parte da Rússia, mas recusou uma participação no conflito, defendendo que a sua luta é “contra a fome”.

“Em 2002”, o Presidente americano George W. “Bush queria fazer guerra com o Iraque [...] e convidou o Brasil para participar”, explicou Lula. Porém, na altura, a sua guerra era “contra a fome” no Brasil, afirmou. “Agora, há 33 milhões de pessoas com fome no Brasil e a minha guerra é, outra vez, combater a fome”, destacou. Após o encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, Lula considerou que “a guerra entre a Rússia e Ucrânia está a afetar a humanidade”, pelo que é necessário “encontrar um grupo de pessoas que esteja disposto a falar em paz e não em guerra”. Lado a lado com o homólogo brasileiro no Palácio de Belém, Marcelo mostrou que “a posição portuguesa é diferente, e entende que uma eventual via de caminho para a paz supõe, previamente, o direito da Ucrânia de poder reagir à invasão”. Marcelo lembrou também “um longo e rasgado elogio” que o seu antecessor, Aníbal Cavaco Silva, fez a Lula em 2011. O percurso do Presidente brasileiro foi “desde cedo o da coragem perante a adversidade, da tenacidade perante os obstáculos, da generosidade perante as dificuldades dos mais fracos”, defendera Cavaco Silva. “Eu não diria melhor”, observou Marcelo.

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No final da XIII Cimeira Luso-Brasileira, depois do encontro com Marcelo, o primeiro-ministro, António Costa, e Lula da Silva condenaram a invasão da Ucrânia, numa Declaração Conjunta assinada pelos dois países. “Os chefes de Governo [...] deploraram a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes do seu território como violações do direito internacional”, refere o texto.

PORMENORES

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PROTEÇÃO 

Tendo em vista um combate de forma coordenada à criminalidade violenta e organizada, os dois países acordaram um regime de proteção de testemunhas.

Foi assinado um memorando para promover o reconhecimento de cartas de condução de cidadãos dos dois países.

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Entre as medidas que saíram da Cimeira Luso-Brasileira está um acordo com vista à concessão de equivalência nos Ensinos Básico e Secundário, para facilitar o acesso ao Superior de quem conclui o Secundário no Brasil ou em Portugal.

FLUXOS MIGRATÓRIOS

Ficou também acordada a colaboração entre os serviços públicos de emprego dos dois países, tendo em vista possibilitar uma gestão de fluxos migratórios regulares de trabalhadores assalariados.

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Manifestantes apoiam Lula

Dezenas de manifestantes juntaram-se este sábado ao lado do Centro Cultural de Belém para apoiar o Presidente brasileiro, com frases como "Lula, guerreiro do povo brasileiro". A PSP foi afastando da concentração os apoiantes ocasionais do ex-Presidente, Jair Bolsonaro.

Acordo entre UE e Mercosul na calha

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Nesta cimeira, Portugal e o Brasil "reafirmaram o interesse em ver ampliados os investimentos" bilaterais e indicaram como áreas prioritárias para o aprofundamento do relacionamento económico e comercial "o setor das infraestruturas, energia, novas tecnologias, saúde, espaço, defesa e mar e oceanos". No comunicado final, os dois países salientam ainda "a importância estratégica de uma rápida conclusão do acordo entre a União Europeia e o Mercosul".

“HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA”

PCP E BE DÃO APOIO

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