Silêncio do advogado da mãe das gémeas luso-brasileiras pode levar a queixa na Justiça
Audição terminou sem que Wilson Bicalho respondesse às perguntas dos deputados.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso das gémeas pondera avançar com uma queixa na Ordem dos Advogados e no Ministério Público contra o advogado da mãe das gémeas, Wilson Bicalho, depois de o mandatário ter invocado o sigilo profissional para não responder às perguntas dos deputados na audição no Parlamento de sexta-feira.
"Gostava imenso de responder, por isso fiz o pedido à Ordem mas o pedido foi negado", defendeu-se o jurista. Em resposta, a CPI decidiu dar 48 horas para a entrega do pedido do parecer e da própria resposta da Ordem, além de ser pedido à instituição para confirmar os dois documentos.
Na quarta-feira a Comissão irá ponderar se avança com a queixa e se pede para ser levantado o sigilo profissoinal, de forma a Wilson Bicalho voltar a ser chamado para nova audiência, desta vez à porta fechada.
A sessão nem chegou a ir além das questões do Chega, primeiro partido a ter a palavra perante o advogado de Daniela Martins, com o depoente a ficar em silêncio logo na primeira pergunta de André Ventura, que queria saber quando tinha conhecido a mãe das crianças.
Uma posição que foi alvo de protesto de todos os partidos. António Rodrigues (PSD) disse que foi "uma farsa" e pediu mesmo para que a audiência fosse retirada das atas por ser um "depoimento vergonhoso". André Rijo (PS) afirmou que foi "desprestigiante" e que "não foi parlamentar, foi para lamentar".
Depois de ser dada por encerrada a audição, que o presidente da CPI, Rui Paulo Sousa (Chega), classificou de "inaceitável", o advogado da mãe das gémeas disse aos jornalistas que "a lei é clara" e que é o Parlamento que tem de pedir o parecer da Ordem.
Wilson Bicalho só falou na declaração inicial, onde classificou as acusações contra a cliente, ouvida na sessão anterior, de "mentira calculada, contada na cara dos portugueses sem compaixão e só para fazer jogos de bastidores". Garantiu que não há indícios de crime da mãe das crianças, "apesar do massacre político e mediático" protagonizado pela comunicação social, e que o próprio DIAP de Oeiras terá dito que "não há sequer motivos para ser arguida".
Sobre o tratamento de quatro milhões de euros dado às meninas, o advogado sublinhou que "não passaram à frente de nenhuma utente" e que as gémeas "foram as que tiveram mais tempo de espera, seis meses".
O jurista ainda pediu que o resto da sessão acontecesse à porta fechada por alegar que "as imagens são deturpadas", algo rejeitado pelos deputados.
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