AVIÃO EUROPEU CHUMBADO

O novo chefe de Estado-Maior da Força Aérea, general Taveira Martins, que ontem foi empossado no cargo, em substituição de Vaz Afonso, deu a entender que as preferências nacionais em matéria de avião de transporte vão para o C-130. O general adiantou também que o processo de aquisição deverá estar pronto dentro de um a dois anos.

17 de dezembro de 2003 às 00:00
AVIÃO EUROPEU CHUMBADO Foto: Jorge Paula
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Na prática corresponde a uma opção que há muito era falada, mas o facto de o chefe da Força Aérea surgir a prestar estas declarações publicamente poderá constituir um golpe final no chamado 'avião europeu', o Airbus A400. No entanto, a verdade é que a Força Aérea nunca viu com bons olhos o avião da Airbus, em particular pelas fortes ligações à fábrica norte-americana Lockheed Martin, o fabricante do C-130 J, o sucessor do actual C-130 H, o modelo que ainda equipa a FAP, no transporte táctico.

Com efeito, a Força Aérea tem visto como uma vantagem o continuar da ligação à Lockeed, tanto mais que também os aviões P-3 e F-16 são oriundos da mesma fábrica, o que representa vantagens logísticas na aquisição de sobressalentes.

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Os partidários do A400, no entanto, têm apontado que a participação portuguesa no projecto do 'avião europeu' permitiria ao nosso país entrar com mais força no campo da indústria aeronáutica, de que a vizinha Espanha tem sido o melhor exemplo, com mais-valias no campo da transferência de tecnologia.

Questões financeiras poderão estar também por detrás daquela que parece ser a opção nacional com mais força, uma vez que a participação no projecto A400 implica maior participação no desenvolvimento da aeronave, que - é frequentemente apontado - nem chegou a protótipo.

No entanto, a frota dos C-130 H da FAP - com seis aeronaves - é das que melhores condições apresentam neste modelo de aviões. Daí que o anterior chefe da FAP, Vaz Afonso, tenha chegado a pronunciar-se a favor da solução da Boeing, que propunha a refitagem dos 'nossos' C-130 H, uma redução de custos que permitiria a Portugal a aquisição do Boeing C-17, esse sim mais próximo do avião estratégico.

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UMA QUESTÃODE ESTRATÉGIA

A aviação de transporte é actualmente das áreas da aeronáutica militar com mais visibilidade e correspondente importância. Sem um inimigo tecnologicamemente à altura, para as forças aéreas da NATO, a questão não está tanto em garantir a superioridade aérea - inquestionável -, mas em fazer chegar a um ponto de crise o maior número de forças e no menor tempo possível. Em Portugal, essa missão - atribuída à Esquadra 501 - é também muito discutida, até pelas responsabilidades estratégicas nacionais que, de certa forma, e em termos de área continuam a ser do Minho a Timor e queremos corresponder de igual modo à UE e à NATO, uma questão que não foi solucionada pelo novo conceito estratégico.

OS 'NOSSOS'

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A FAP opera seis aviões c-130 h, as aeronaves militares portuguesas com mais horas de voo. as missões têm sido em proveito da nato e da ONU, mas também das forças nacionais destacadas no exterior.

C-130 J

Este avião da lockheed é o sucessor natural da versão H. A nível NATO foi comprada pela Inglaterra e pela Itália, mas, por outro lado, não tem tido aceitação nos EUA, por questões técnicas.

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A400

É o grande projecto de alguns estados da UE, mas que ainda está longe de ser o 'avião europeu' de transporte. Não chegou à fase de protótipo e a opção final alemã em relação ao avião vai ser decisiva.

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