Câmara do Porto passa gestão do Mercadinho da Ribeira para os comerciantes

Foi proposto pelo município que fosse criada uma associação entre todos os vendedores que, lembrou Rui Moreira, "são famílias que nunca fizeram outra coisa".

29 de setembro de 2025 às 14:43
Ribeira do Porto
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O executivo da Câmara do Porto aprovou esta segunda-feira, por unanimidade, passar a gestão do Mercadinho da Ribeira, existente desde a Idade Média, para os seus comerciantes, que o passarão a gerir de forma privada.

Após a reunião do executivo municipal, que decorreu à porta fechada, Rui Moreira contextualizou que tem havido "uma grande preocupação" com os comerciantes tradicionais daquele mercado e que esta situação começou quando, no verão de 2024, a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) pediu o cancelamento das suas licenças numa carta à junta de freguesia do Centro Histórico.

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Ultrapassada com a APDL a questão de quem é responsável por aquele espaço, sobrava ainda uma questão relativa às licenças dos vendedores, que terminarão em dezembro deste ano.

"Chegado o mês de dezembro, o próximo executivo teria que fazer uma de duas coisas: ou fazer uma hasta pública, ou seja, leiloar os espaços; ou fazer um sorteio. E esse sorteio não seria condicionado àqueles vendedores históricos, teria que ser aberto a qualquer um", explicou o presidente da autarquia.

Assim, foi proposto pelo município que fosse criada uma associação entre todos os vendedores que, lembrou Rui Moreira, "são famílias que nunca fizeram outra coisa e fazem aquilo há muito tempo" que contribuem para "o património cultural e social da cidade".

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"Para o próximo executivo municipal e para essas pessoas não fica o vazio que nós quisermos evitar", concluiu o edil.

Pelo PSD, Mariana Ferreira Macedo afirmou terem acompanhado a proposta por defenderem "a alma portuense, a caracterização da cidade do Porto", que considerou ser mantida por "aquelas pessoas tão enraizadas".

Já a socialista Rosário Gambôa disse tratar-se de uma medida "política importante", já que vai permitir "assegurar que as pessoas que sempre lá estiveram, que são autóctones da Ribeira (...) possam continuar o seu trabalho".

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Joana Rodrigues, da CDU, admitiu ter ficado "um bocadinho preocupada" quando viu na agenda a criação de um mercado privado, mas que a discussão "foi muito esclarecedora" e a proposta "defende o património da cidade" e que, se não fosse desta forma, correr-se-ia o risco de "haver interesses privados a apropriar-se daquele espaço".

De acordo com a proposta, a que a Lusa teve acesso, "a totalidade dos agentes económicos com lugar de venda atribuído no "Mercadinho da Ribeira" solicitou à Câmara Municipal do Porto autorização para explorar o mercado, enquanto entidade privada", tendo-se constituído como associação de direito privado sem fins lucrativos, sob a denominação de "Associação Mercadinho da Ribeira".

"Tendo-se mantido, durante muito tempo, como um dos mercados mais importantes da cidade, foi perdendo a sua primazia com a emergência de novas centralidades, mas sobreviveu, até aos dias de hoje, pelo seu carácter popular e tradicional", pode ler-se na proposta, que dá conta que os 20 comerciantes que exploram o mercado têm-se mantido os mesmos.

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O documento assinado pela vereadora Filipa Correia Pinto, que detém o pelouro das Atividades Económicas, propunha que o executivo deliberasse extinguir o Mercadinho da Ribeira enquanto mercado público municipal e autorizar ao promotor "Associação Mercadinho da Ribeira", a instalação e gestão, no mesmo local, de um mercado privado composto por vinte bancas.

"O Gabinete de Feiras e Mercados do Município do Porto nada tem a opor à instalação e gestão privada de um mercado privado nos termos propostos", pode ler-se.

O mercado, que atrai diariamente "um elevado número de turistas", funciona de quinta-feira a domingo, entre as 10h00 e as 18h00 nos meses de inverno, e das 10h00 às 20h00 nos meses de verão, "comercializando fundamentalmente produtos alusivos ao Porto"

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