Chanceler alemão diz que ataque da Rússia desafia "arquitetura de segurança europeia"

Político alemão está em Portugal para participar nas celebrações do 50.º aniversário da fundação do Partido Socialista.

19 de abril de 2023 às 20:07
Olaf Scholz em Lisboa Foto: Tiago Petinga/ LUSA_EPA
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O chanceler alemão, Olaf Scholz, considerou esta quarta-feira em Lisboa que o ataque da Rússia à Ucrânia constitui "um desafio e uma ameaça para toda a arquitetura de segurança europeia".

O político alemão está em Portugal para participar nas celebrações do 50.º aniversário da fundação do Partido Socialista (PS) e falava numa conferência de imprensa conjunta com o homólogo português António Costa.

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"O ataque russo à Ucrânia é um desafio para todos nós. Não apenas uma ameaça para a Ucrânia, mas também constitui uma ameaça para toda a arquitetura de segurança europeia. Pretende substituir a ordem internacional baseada em regras pelo direito do mais forte, que manda nos seus vizinhos e isso não podemos nem queremos permitir", assinalou o chefe do Governo alemão.

Após sublinhar o clima de confiança mútuo, os valores comuns e um consenso em torno de diversas questões decisivas à escala mundial, o dirigente social-democrata alemão - que se reuniu com António Costa ao início da tarde e durante cerca de uma hora e meia na residência oficial do primeiro-ministro em São Bento -- frisou o compromisso de prosseguir um apoio "político, financeiro, humanitário" à Ucrânia.

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"E também com armamento, como temos feito e enquanto for necessário", frisou.

Neste âmbito, emitiu um "especial reconhecimento" pelo apoio de Portugal à Ucrânia, designadamente a "disponibilização" de três carros de combate tipo Leopard II, de fabrico germânico, e já enviados para o terreno.

"Um sinal muito importante" na perspetiva da colaboração entre os dois países, assinalou Scholz.

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"Em paralelo, a União Europeia (UE) tem de desempenhar melhor a sua função geopolítica, e melhorar a capacidade de ação da UE nomeadamente no que diz respeito ao alargamento global dos Balcãs ocidentais, e também da Ucrânia, Geórgia", prosseguiu.

O chanceler alemão, e já no período de perguntas e respostas, sustentou a necessidade de preparar um "futuro europeu", também assente na estabilidade financeira da zona euro, e em garantir relações comerciais mais diversificadas e acordos comerciais mais amplos.

"Portugal é também um bom parceiro no combate às alterações climáticas e está entre os primeiros na área da economia verde", acrescentou Scholz, após o encontro no qual os dois governantes abordaram a questão das alternativas energéticas, aceleradas pelo conflito ucraniano, e também assente num "corredor verde de hidrogénio".

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Sobre a necessidade de um instrumento financeiro permanente da UE para evitar crises, o chanceler alemão voltou a sublinhar a necessidade de uma crescente cooperação entre os diversos Estados-membros do bloco comunitário e considerou que o fundo de cooperação europeu contribuiu para a estabilização das economias.

"Uma atuação que teve efeito, e muitos desses fundos vão permanecer disponíveis durante muitos anos na perspetiva de finanças sãs, e com um enorme esforço de Portugal nesta área", destacou.

Numa referência final ao conflito ucraniano, Scholz adiantou outros aspetos abordados na reunião com Costa.

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"Temos a esperança de um fim rápido da guerra, mas pode ser algo que vai durar e também abordámos este aspeto e trocámos opiniões", disse Olaf Scholz, destacando ainda as prioridades estabelecidas no período atual: "O envio de sistemas de defesa antiaéreos, tanques, sistemas portáteis e outros sistemas ligados ao sistema norte-americano Patriot, tanques de combate e respetivas munições" para Kiev.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Já numa breve referência à atual crise no Sudão, palco de combates que opõem desde sábado o exército ao grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), o político alemão indicou tratar-se de uma situação "difícil e perigosa" que deve ser acompanhada "com muita atenção".

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