Chega defende demissão da ministra da Coesão, Costa diz que parecer "é inequívoco"

Ventura questionou primeiro ministro se "acha ético que marido de uma governante receba fundos de uma área que é tutelada pela própria".

29 de setembro de 2022 às 16:19
André Ventura, líder do Chega Foto: João Miguel Rodrigues
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O líder do Chega defendeu esta quinta-feira a demissão da ministra da Coesão na sequência da atribuição de fundos comunitários a empresas do marido, tendo o primeiro-ministro respondido que o parecer da Procuradoria-Geral da República é "inequívoco".

Na sua intervenção na abertura do debate com o primeiro-ministro sobre política geral que decorre esta tarde na Assembleia da República, o deputado o Chega questionou António Costa se "acha ético que o marido de uma governante receba fundos de uma área que é tutelada pela própria governante".

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"Independentemente do parecer da Procuradoria-Geral da República, que estabelece que a lei é omissa e é obscura, há uma questão ética evidente, que é há um familiar de uma ministra que está a receber fundos de uma área que tutela a própria ministra", defendeu André Ventura, querendo saber o que pensa o chefe de Governo "fazer quanto a isto" e se Ana Abrunhosa "tem condições de continuar".

O líder do Chega defendeu "ou a saída da ministra ou a devolução dos fundos comunitários".

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Na resposta, o primeiro-ministro elencou que há cerca de um ano a ministra da Coesão colocou-lhe o "problema de poder haver uma situação de conflito de interesses".

"Ela própria requereu um pedido de parecer à secretaria-geral da Presidência do Conselho de Ministros, que disse que não havia conflito de interesses, a minha assessoria jurídica confirmou a mesma matéria", explicou, apontando que, mesmo assim, foi pedido um parecer ao conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República sobre o assunto "atenta a sensibilidade do problema".

O parecer, emitido em 27 de maio de 2021, "é inequívoco a vários títulos" e "diz muito claramente que nada sugere que fique comprometida a validade do ato que admite a candidatura, nem do ato que define a subvenção, sem haver a registar incumprimento de deveres de conduta por parte da ministra da Coesão Territorial", apontou Costa.

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Antes, o líder do Chega tinha questionado também o primeiro-ministro sobre o facto de o ministro da Saúde ser casado com a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, apontando que Manuel Pizarro "está numa situação de evidente conflito de interesses".

André Ventura quis saber se o primeiro-ministro "foi informado deste conflito de interesses" ou "se foi enganado", sustentando que o código de conduta do Governo estabelece que "era obrigatório" um membro do Governo informar o primeiro-ministro "em primeiro lugar" e que fossem desenvolvidas "todas as diligências para que o conflito fosse sanado".

"O que tivemos com o ministro da Saúde foi o contrário. Há uma primeira notícia sobre o assunto e o ministro da Saúde veio dizer que já estava a ser tratado o assunto, mas nunca soubemos que estava a ser tratado, soubemos quando saiu a notícia", apontou, considerando que "deu o ar de ser apanhado e depois de vir dizer que estava a ser tratado".

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Ventura quis saber ainda o que será feito para "evitar que decisões que tenham de ser tomadas no âmbito da Ordem dos Nutricionistas não representem um tremendo conflito de interesses com os interesses do Governo e dos portugueses em geral".

Na resposta, o primeiro-ministro disse que "já sabia" desta relação familiar entre o ministro e a bastonária e que Manuel Pizarro falou consigo.

"Conheço o senhor ministro da Saúde, conheço a sua esposa, e cumprimentei-a na tomada de posse do ministro da Saúde", indicou.

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António Costa defendeu também que "nos termos do código de conduta do Governo", o ministro comunica "a situação de impedimento em que se encontra relativamente à Ordem dos Nutricionistas" e o chefe de Governo termina "a delegação de competências adequada".

"A quilo que foi determinado é que a delegação de competências é na senhora secretária de Estado da Promoção da Saúde", rematou.

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