Montenegro avança para guerra com Rui Rio
"As coisas têm de mudar", avisa ex-líder parlamentar sobre guerra interna do PSD.
O antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro está a ser pressionado para desafiar a liderança de Rui Rio, segundo apurou o CM junto de diversas fontes. As movimentações surgem depois de no período de pausa natalícia vários parlamentares e várias distritais terem avaliado o descontentamento com a atual liderança social-democrata.
Esta quarta-feira mesmo, numa resposta à ex-líder do PSD Manuela Ferreira Leite, que afirmou preferir um "pior resultado eleitoral" do que um partido rotulado de direita, Montenegro abriu ligeiramente o jogo. "Estas coisas têm que acabar", afirmou em declarações à TSF.
"Eu defendo um PSD grande e ganhador. Isto [as declarações de Ferreira Leite] é muito elucidativo do estado a que chegou o PSD. Não quero hoje dizer mais do que isso. Quero apenas também dizer que muito em breve falarei sobre o estado do PSD. Falarei mesmo sobre o futuro do PSD, porque este estado das coisas efetivamente tem de acabar, tem de mudar."
A frase de Montenegro surge um dia depois de o ‘Público’ ter noticiado que houve uma reunião secreta para avaliar a hipótese de recolher assinaturas para a convocação de um conselho nacional extraordinário, com vista à destituição de Rio e à convocação de diretas. Uma fonte conta ao CM que não houve só uma reunião, mas vários encontros. A questão essencial é que há quem tenha receio do timing escolhido, arriscando colidir com as Europeias. Um outro social-democrata explica ao CM que Montenegro está a ser muito pressionado pela estrutura e que o ex-líder parlamentar está inclinado a avançar.
Esta quarta-feira, dia em que a comissão política nacional reuniu, o atual líder tentou evitar o tema da contestação interna. Quando questionado pelos jornalistas, sublinhou apenas que "o PSD não é um partido pequeno" e garantiu não temer uma eventual moção de censura.
Atual líder tenta passar ao lado da contestação
O líder do PSD tentou falar só dos dossiês aprovados na reunião da comissão política, evitando o tema a divisão no partido e as palavras de Luís Montenegro. Rio anunciou um novo regulamento financeiro, o arranque formal da preparação para as europeias e a realização em 16 de fevereiro da primeira convenção nacional do Conselho Estratégico. O mesmo dia em que o PS apresenta os candidatos às Europeias.
Marcelo aprovou propinas com PS e agora é contra
O Presidente da República não foi poupado às desavenças do PSD. O vice-presidente, David Justino, lembrou que foi Marcelo que, há 20 anos, "quando era líder do PSD, restituiu as propinas num acordo de regime com o então ministro Marçal Grilo". Esta quarta-feira, o Chefe de Estado esclareceu que "enquanto cidadão, sempre foi favorável à existência de propinas" e que o anúncio da extinção dá resposta ao "objetivo nacional de aumentar substancialmente a qualificação dos portugueses".
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