Costa, Passos e os seus avatares

Leia a opinião do professor Jorge de Sá.

16 de maio de 2015 às 19:00
Jorge de Sá Foto: Jorge Paula
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Um velho filme do cinema mudo relatava um estudante de Praga que, necessitado, vendera a sua própria imagem ao diabo, que a usou em mil atos malvados, dos quais, o estudante era acusado, apesar de não os ter praticado.

Arrasado, o estudante acabou por se cruzar, no espelho, com a sua própria imagem e partindo o espelho para destruir a imagem nele refletida, matou-se a si próprio.

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É interessante transpor esta alegoria para a política, onde cada concorrente tem que viver, lado a lado, permanentemente, com o seu "avatar", cuidando deste, gerindo-o o melhor possível, pois a destruição do seu avatar pode significar a sua própria morte política.

O estudo da opinião dos portugueses sobre Costa e Passos a propósito de um largo número de caraterísticas é muito importante para a sua própria gestão política (e dos respetivos "avatares").

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Adaptando as categorias de McClelland, dir-se-á que Costa se destaca de Passos nas caraterísticas afiliativas (proximidade, simpatia) e de realização (experiência, competência), deixando-se ultrapassar por Passos quanto à "imagem" de lutador, aspeto ao qual não será indiferente o modo como este geriu uma certa demissão irrevogável.

Quanto às caraterísticas negativas, colam-se mais a Costa a indecisão e o oportunismo, aspetos do período pós-vitória interna e do imediatamente anterior. Para Passos, pesa-lhe mais a "imagem" de arrogante e de protetor dos mais ricos, aspeto este quase unânime à esquerda e partilhado por um quarto do eleitorado de direita.

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