Das buscas no Douro aos incêndios rurais: Primeiro-ministro inverte discurso sobre a pertinência das idas ao terreno

Luís Montenegro já vestiu colete salva-vidas para acompanhar buscas por militares da GNR.

28 de agosto de 2025 às 17:56
Luís Montenegro Foto: DR
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"Não vestimos casacos para ir para o terreno porque quisemos respeitar a prioridade ao trabalho operacional." Foi assim que o primeiro-ministro justificou o facto de nem ele, nem a ministra da Administração Interna, nem nenhum outro membro do Governo se terem deslocado aos locais onde lavraram os incêndios de agosto. 

A declaração de Luís Montenegro configura uma mudança de discurso face a agosto do ano passado, quando o líder do Executivo vestiu um colete salva-vidas para acompanhar de perto, numa lancha, as buscas por militares da GNR vitimados pela queda de um helicóptero de combate a incêndios no Douro. 

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"Creio que a presença do primeiro-ministro não foi motivo de nenhuma perturbação nas operações de busca, que, de resto, ocorreram com o cumprimento já quase integral da missão que era exigida", considerou Montenegro na altura. A participação do primeiro-ministro nas buscas mereceu críticas da oposição, que viu nela uma forma de aproveitamento político de uma tragédia.

“Eu tive a oportunidade de verificar no local toda a magnitude desta operação, mas sobretudo foi-me permitido estar pessoalmente com os mergulhadores, que estão também eles a desempenhar uma missão muito perigosa e eu quis-lhes transmitir também o nosso apreço pelo esforço que eles estavam e estão a fazer neste momento para tentar encontrar o corpo que falta”, acrescentou Montenegro.

Em contraponto, durante o flagelo dos incêndios, que não deram tréguas este mês de agosto, os membros do Governo mantiveram-se longe dos cenários de combate às chamas. O primeiro-ministro viu-se forçado a interromper as férias, que era suposto terem durado de 11 a 22 de agosto, mas não foram além do dia 15. Muito por força dos incêndios, o chefe do Executivo teve agenda pública em quatro dos cinco dias de férias que gozou - num deles para intervir na Festa do Pontal do PSD. 

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A própria ministra da Administração Interna, Lúcia Amaral, numa conferência de imprensa de cinco minutos, explicou que não se deslocava ao terreno porque "quem tem a responsabilidade da decisão precisa de tranquilidade e de sossego para poder, em nome de todos, fazer o melhor”. 

No debate da Comissão Permanente da Assembleia da República sobre a situação dos incêndios em Portugal, o primeiro-ministro referiu-se ainda a um relatório da comissão técnica independente que estudou o incêndio de Pedrógão Grande de 2017 e concluiu que as deslocações aos teatros de operações perturbaram os trabalhos.

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