Deputado municipal do PS acusa Carlos Moedas de branquear "saneamento político" na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

"A sua informação tem aqui uma grave omissão", afirmou.

07 de maio de 2024 às 23:32
Carlos Moedas
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O deputado municipal Miguel Coelho (PS) acusou esta terça-feira o presidente da Câmara de Lisboa de branquear o "saneamento político" da mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, demitida pela ministra do Trabalho sob a acusação de inação.

"A sua informação tem aqui uma grave omissão" e "essa grave omissão é não estar aqui detalhada a participação desta câmara municipal, que assim se tornou cúmplice do saneamento político da mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa [SCML]", afirmou Miguel Coelho.

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O também presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, que falava após Carlos Moedas discursar sobre a informação escrita sobre a atividade do executivo na Assembleia Municipal de Lisboa (AML), lembrou anteriores reconduções por governos socialistas, como a de Pedro Santana Lopes, ao contrário do executivo de Luís Montenegro (PSD/CDS-PP/PPM).

"Branquear este saneamento com um comunicado absolutamente indigno sobre a falta de resposta da Santa Casa da Misericórdia nas questões sociais, atingindo diretamente um autarca, uma pessoa que é do Partido Socialista, claro que sim, nunca o escondeu, em quem eu nunca vi nenhum presidente de junta, nenhum autarca manifestar razões de queixa, antes pelo contrário, que é o dr. Sérgio Cintra", declarou Miguel Coelho.

Para o autarca socialista, o comunicado dos atuais dirigentes camarários "torna-os cúmplices desse saneamento e o mínimo que se pode exigir é um pedido público de desculpas ao dr. Sérgio Cintra", por ver posta em causa "a competência" e "a idoneidade enquanto cidadão, profissional, enquanto gestor" nas questões sociais, frisou.

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A mesa da SCML é composta por Ana Jorge (provedora), Ana Vitória Azevedo (vice-provedora) e Nuno Miguel Alves, Teresa do Passo, Sérgio Cintra, e João Correia (vogais).

O deputado anunciou que a bancada socialista irá chamar à 6.ª comissão permanente da AML, de Direitos Humanos e Sociais, Cidadania e Transparência e Combate à Corrupção, a vereadora da Ação Social na Câmara de Lisboa "para explicar o que falhou na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa nos apoios sociais".

"Aquilo que eu digo há mais de dois anos não tem nada a ver com quem lá está, é que neste momento a Santa Casa não está a dar as respostas que nós precisamos", respondeu Carlos Moedas (PSD), assegurando que "foi o que disse à senhora provedora e ao provedor anterior".

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O social-democrata acusou que os responsáveis da SCML "pararam tudo o que faziam com a câmara municipal" após a sua eleição como presidente da autarquia, quando, vincou, "a Segurança Social delega à Santa Casa toda a assistência social" no município.

Nesse sentido, o presidente da câmara defendeu que a autarquia devia ter na mesa da SCML um representante, medida que mereceria acolhimento do anterior primeiro-ministro António Costa, mas que nunca foi concretizada.

A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social acusou esta terça-feira a provedora exonerada da Santa Casa de "total inação", a administração de se beneficiar a si própria e rejeitou a ideia de "saneamento político" na exoneração.

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Em entrevista à RTP, a ministra Maria do Rosário Ramalho afirmou ter "uma fundamentação muito sólida" para a decisão de exonerar a provedora da SCML, Ana Jorge, assim como a restante mesa (administração) da instituição.

"Já ouvi até que foi um saneamento político. Não foi nada", garantiu a ministra, que justificou a demissão de Ana Jorge "por razões de gestão", acusando-a de "total inação" face à situação de crise financeira que herdou da anterior administração, reiterando o que o Governo já havia afirmado no comunicado relativo à exoneração sobre a inexistência de um plano de reestruturação.

"A conversa que tivemos não evidenciou nenhum sentido de urgência face à situação que existia", disse Maria do Rosário Ramalho, insistindo que "não havia nada" e que desde a tomada de posse Ana Jorge "não fez nada" para melhorar inverter a situação financeira.

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processo de substituição de Ana Jorge "é urgente, mas não é precipitado", garantiu a ministra.

Ana Jorge tomou posse em 02 de maio de 2023, escolhida pelo anterior Governo socialista de António Costa, e herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros.

Depois da sua exoneração, a provedora escreveu uma carta a todos os trabalhadores da SCML, na qual acusava o Governo de a ter exonerado de "forma rude, sobranceira e caluniosa" e que foi apanhada de surpresa.

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