Governo pede à oposição que não confirme reforço da dotação do TC, Chega mantém posição

Parlamento aprovou o reforço da dotação orçamental do Tribunal Constitucional em 1,6 milhões de euros.

27 de novembro de 2025 às 11:39
Carlos Abreu Amorim Foto: LUSA
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O ministro dos Assuntos Parlamentares apelou esta quinta-feira a uma mudança de voto da oposição para chumbar o reforço da dotação orçamental do Tribunal Constitucional (TC) proposto pelo Chega, que respondeu com críticas ao executivo por falta de resposta.

A proposta do Chega para reforçar a dotação orçamental do Tribunal Constitucional de acordo com o que foi pedido pelo organismo numa audição parlamentar foi avocada para o debate desta manhã, com o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, a abrir a discussão a defender que o tribunal "tem os meios necessários para funcionar o melhor possível" e centrando a questão na necessidade de se criar ou não uma nova plataforma informática.

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"A questão é saber se este parlamento, e particularmente as bancadas do Chega e do PS consideram que é acertado, que é sensato, que é cordial, que é conforme aos interesses da Justiça criar para o Tribunal Constitucional uma plataforma digital distinta da dos outros tribunais. Porque aquilo que o Tribunal Constitucional pediu e que o Chega e o PS viabilizaram foram 750 mil euros para criar um sistema informático autónomo", afirmou.

O governante argumentou que em causa não está um "reforço técnico pontual", mas sim a criação de uma "exceção estrutural com impacto permanente em orçamentos futuros" - uma vez que os prazos de implementação são superiores a 20 meses -, e de uma "ilha tecnológica" para o TC, que não promove a "agilidade e a interoperabilidade dentro da justiça".

"Não nos parece que produzir plataformas avulsas dentro do sistema de justiça seja o melhor caminho. Pelo contrário, é obsolência programada, é duplicar custos desnecessariamente. Numa palavra, é complicar", considerou, deixando o apelo à oposição, "sobretudo os partidos com maior responsabilidade", para que chumbem este reforço da dotação.

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Na réplica, o deputado do Chega Eduardo Teixeira argumentou que não se são "assuntos de menor importância" e que é necessário assegurar que o TC dispõe dos meios necessários para "assegurar o pleno e desejável das suas competências constitucionais".

O parlamentar afirmou ainda que "as ausências de resposta do Governo a um órgão de soberania (...) são inaceitáveis e obrigam o parlamento a agir e a criar condições de funcionamento", acrescentando que se tratou de uma "polémica absolutamente desnecessária".

A bancada do PS não se pronunciou sobre os apelos do executivo. À esquerda, a bloquista Mariana Mortágua lamentou a criação de uma "guerra" por esta verba e Patrícia Gonçalves, deputada do Livre, disse não compreender porque é que se "está a perder tempo" com este assunto, quando se trata de uma verba correspondente a 0,0006% do OE.

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Mário Amorim Lopes, da IL, defendeu a necessidade desta verba, mas frisou que o TC deve analisar "se há razões de ordem técnica que justifiquem" esta nova plataforma eletrónica.

Para encerrar, Abreu Amorim voltou a insistir: "O que está aqui em causa é uma coisa diferente. E o apelo que eu faço é para que este parlamento não propicie a criação de uma ilha tecnológica, de uma espécie de arquitetura digital do sistema de justiça, uma aldeia de Asterix completamente isolada dos outros tribunais superiores e do resto do sistema de justiça".

Esta quarta-feira, o parlamento aprovou o reforço da dotação orçamental do Tribunal Constitucional em 1,6 milhões de euros, por proposta do Chega, acedendo assim ao pedido feito pelos juízes do Palácio Ratton em audição parlamentar.

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Foi também votada e chumbada uma proposta originalmente apresentada apenas pela deputada única do PAN e que passou, depois, a ser subscrita também pelos deputados Eurico Brilhante Dias, do PS, Isabel Mendes Lopes, do Livre, Paula Santos, do PCP, Mariana Mortágua, do BE, e Filipe Sousa, do JPP.

O presidente da Comissão de Finanças não quis admiti-la, mas, após uma discussão de quase uma hora, a iniciativa acabou por ser votada e chumbada.

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