Iraque e Goldman pressionam Durão

Durão, Sampaio, Portas e Martins da Cruz ouvidos em setembro.

14 de julho de 2016 às 01:45
Cimeira das Lajes Foto: Lusa
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A Assembleia da República vai enviar a Durão Barroso, até ao final desta semana, um pedido para ir ao Parlamento dar explicações sobre o processo que levou ao envolvimento de Portugal na guerra do Iraque, em 2003. Na frente externa, a pressão sobre o ex-presidente da Comissão Europeia é outra: a nomeação para presidente não executivo (‘chairman’) da Goldman Sachs, o maior banco de investimento do Mundo, foi muito criticada pelo comissário Pierre Moscovici e pelo ministro francês dos Assuntos Europeus, Harlen Desir.

Relativamente ao pedido de audição sobre a guerra do Iraque, Barroso pode juridicamente recusar ir ao Parlamento português. Contudo, segundo afirmou ao Correio da Manhã o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, em "termos políticos não tem margem de manobra". Ou seja, assumirá as responsabilidades políticas caso se recuse a responder. O deputado do PS Paulo Pisco é da mesma opinião: "Quem não deve não teme."

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Ontem, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, criticou Durão Barroso indiretamente, dizendo que nenhuma intervenção militar pode fundar-se numa mentira e lembrando que "deve ser sempre o último dos últimos recursos". Além de Durão Barroso, a comissão de Negócios Estrangeiros aprovou também, com os votos da esquerda, as audições do antigo Presidente Jorge Sampaio e dos ministros então em funções Paulo Portas (Defesa) e Martins da Cruz (MNE). Dada a proximidades do fim desta sessão legislativa – dia 20 de julho –, as audições só devem acontecer em setembro.

Na Europa, o caso da nomeação de Barroso para a Goldman Sachs continua a ter grande impacto. Ontem, o ministro francês dos Assuntos Europeus arrasou o ex-presidente da Comissão Europeia, aconselhando-o mesmo a não aceitar o cargo, por ser "escandaloso".

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As críticas incidem sobretudo na questão ética, pois, tal como noticiou o CM, Barroso vai usar os seus conhecimentos para "mitigar os efeitos da saída do Reino Unido da UE (Brexit)". Em Portugal, continuam também a ouvir-se críticas dos partidos de esquerda, especialmente porque Durão Barroso vai trabalhar para uma instituição financeira que lucrou com a crise grega e que tem um conflito jurídico com o Banco de Portugal por causa do financiamento ao antigo BES.

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