Marcelo diz estar a perder um grande momento como comentador
Candidatura presidencial impede-o de comentar o impasse político.
O candidato presidencial Marcelo Rebelo de Sousa considerou esta segunda-feira estar a perder um grande momento como comentador, justificando com a pesada responsabilidade de protagonista político o facto de não poder tecer comentários ao "singular impasse" governativo.
"Ontem à noite [domingo] não resisti a ligar a televisão para ver o que passava nos vários canais à hora em que normalmente eu comentaria", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em Óbidos, onde participou numa "conversa de bolso" com Ferreira Fernandes, no âmbito do programa do Folio - Festival Literário Internacional de Óbidos, considerando que, pelo facto de ser candidato a Presidente da República, está a perder "um grande momento como comentador político".
O professor, que durante 40 anos de democracia comentou "a revolução, o mais difícil e fascinante de comentar", a par com outros momentos "mais ou menos interessantes", recorreu hoje em Óbidos a comentários sobre "o folhetim político" de José Ferreira Fernandes, o livro "As eleições que ninguém queria ganhar", para contornar a impossibilidade de comentar o atual momento político.
"Se fosse comentador político, teríamos muita coisa para falar", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que, não o sendo, recorreu à obra em que Ferreira Fernandes alude o atual impasse político, para sublinhar que "teria escrito o mesmo que ele escreveu em agosto", data em que "premonitoriamente" escreveu que a coligação PSD/CDS-PP precisaria do PS para formar Governo, mas que o PS teria a possibilidade de fazer coligações à esquerda ou à direita.
Momento interessante para os comentadores
"Este é de facto um momento muito difícil para os protagonistas políticos e muito interessante para os comentadores", porque, sublinhou, "está-se perante um momento na Europa e em Portugal, com uma confluência muito singular".
Marcelo afirmou que a afirmação seria do comentador, já que "para os protagonistas políticos há um grau de responsabilidade naquilo que dizem ou não dizem e nas escolhas que têm que fazer, que é uma responsabilidade muito pesada".
Em Óbidos, onde hoje falou sobre o livro de Ferreira Fernandes, Marcelo foi ainda assim aproveitando a obra, "um folhetim político", para deixar algumas críticas à forma como decorreu a campanha eleitoral, afirmando que a obra ficcionada "podia ser verdade".
O candidato, que respondeu a questões da assistência durante mais de duas horas, terminou reiterando o pedido a Ferreira Fernandes para que "escreva um folhetim sobre a campanha da presidenciais", repetindo a proeza de "fazer crítica com humor" e conseguindo prever os resultados eleitorais.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt