Marques Mendes defende comemorações do 25 de Novembro, mas lembra que o 25 de Abril é a data mais importante

Candidato presidencial vinca que "a história é o que é" e que "o 25 de Abril é uma data única, nenhuma lhe pode disputar o lugar".

24 de novembro de 2025 às 13:58
Marques Mendes admite que radicais mais à direita tenham intenção de desvalorizar o 25 de Abril Foto: Direitos Reservados
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O candidato presidencial Luís Marques Mendes defendeu esta segunda-feira que se pode e deve comemorar o 25 de Novembro, mas sem reescrever a história ou pôr em causa que a "data maior" foi o 25 de Abril de 1974.

Marques Mendes foi convidado a dar uma aula sobre o 25 de Novembro de 1975 a alunos do 12.º ano na Escola Rainha D. Leonor, em Lisboa, na véspera das comemorações dos 50 anos desta data, que têm criado polémica partidária na equivalência às do 25 de Abril.

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O candidato deixou até uma metáfora futebolística, que admitiu poder ser "uma comparação tosca", mas que considerou facilitar a compreensão da sua posição sobre a hierarquia das duas datas.

"Um clube de futebol quando ganha um campeonato faz grandes comemorações dessa vitória, certo? Uma semana depois há a Taça de Portugal e quem ganha a taça também faz uma comemoração mas, evidentemente, toda a gente percebe que ganhar um campeonato é mais importante do que ganhar a taça", afirmou.

Na sua opinião, o 25 de Abril é, "sem dúvida", a data mais importante, "fundadora do novo regime democrático".

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"Esta é a data maior, quem não quiser ver isto está um pouco a fazer demagogia", considerou.

Na fase das perguntas dos alunos, o candidato a Belém foi questionado se entende que há quem queira comemorar o 25 de Novembro apenas para desvalorizar o 25 de Abril, respondendo que admita que existam "alguns radicais mais à direita" com esta intenção.

"Esses não têm nenhuma razão, a história é o que é, o 25 de Abril é uma data única, nenhuma lhe pode disputar o lugar. Serão uma minoria, também existem, mas não estão a ser sérios e honestos nem com as pessoas nem com a sociedade, nem com a história", considerou.

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Marques Mendes, que tinha 16 anos no ano da Revolução, admitiu que possa ter havido "falhas, equívocos" ou até expectativas não cumpridas, mas salientou foi esta data que trouxe a liberdade, a democracia, acabou com a guerra colonial e permitiu a continuação de eleições livres.

"Agora, acho que também se pode comemorar o 25 de Novembro, também foi importante, devolveu a pureza aos ideais de abril, pôs moderação onde havia radicalismo, evitou que o país saísse de uma ditadura de direita e caísse numa ditadura de extrema-esquerda", afirmou.

O candidato apoiado pelo PSD e CDS-PP foi taxativo a apontar quem foram, no plano político, os maiores vencedores do 25 de novembro: o PS e Mário Soares, "quem mais enfrentou as forças extremistas".

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No plano militar, destacou o general Ramalho Eanes, o operacional do 25 de novembro, e que viria a tornar-se Presidente da República um ano depois.

Mendes pediu "equilíbrio e bom senso", considerando que podem existir opiniões diferentes sobre a importância relativa das duas datas, mas "não se pode reescrever a história": "Não haveria 25 de Novembro sem 25 de Abril", sublinhou.

Por isso, numa altura em que as duas datas são muitas vezes colocadas em confronto, Marques Mendes pediu "bom senso, equilíbrio", que todos se informem e que haja gratidão aos políticos e militares que fizeram quer o 25 de Abril quer o 25 de Novembro.

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"A democracia é um espaço de tolerância. Pode haver pessoas com pontos de vista diferentes, vamos respeitar o direito a cada um ter a sua opinião, mas há uma coisa que a todos nos une: sendo mais ou menos críticos, o 25 de Abril deu-nos a democracia e o 25 de Novembro permitiu a sua consolidação", defendeu.

Os acontecimentos do 25 de Novembro, em que forças militares antagónicas se defrontaram no terreno e venceu a chamada ala moderada do Movimento das Forças Armadas (MFA), marcaram o fim do designado Período Revolucionário em Curso (PREC).

À chegada à escola, Mendes foi cumprimentado por muitos alunos, formando-se até uma pequena fila para tirar fotografias com o candidato a Belém. "A minha avó adora-o", disse-lhe uma das estudantes que fez questão de lhe dar um beijinho.

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