Ministro da Educação assegura estar "sempre disponível" para falar com reitores

Reitor da Universidade do Porto denunciou ter recebido pressões para deixar entrar na Faculdade de Medicina candidatos que não tinham obtido a classificação mínima.

06 de setembro de 2025 às 19:51
Fernando Alexandre, ministro da Educação Foto: António Cotrim/Lusa
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O ministro da Educação, Ciência e Inovação disse este sábado, na Póvoa de Varzim (Porto), que ainda não falou com o reitor da Universidade do Porto, mas garantiu estar "sempre disponível" para falar com os reitores.

"Não, ainda não falei [com o reitor da U.Porto] (...) Estou sempre disponível para falar com os reitores", declarou aos jornalistas o ministro da Educação, Fernando Alexandre, à margem de uma visita que realizou esta tarde à feira AgroSemana, um evento que está a decorrer na Póvoa de Varzim e onde o ministro entregou os prémios Agrolympics.

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O reitor da Universidade do Porto (U.Porto), António de Sousa Pereira, denunciou ter recebido pressões de várias pessoas para deixar entrar na Faculdade de Medicina 30 candidatos que não tinham obtido a classificação mínima na prova exigida no curso especial de acesso, segundo o semanário Expresso.

António Sousa Pereira garantiu, num comunicado enviado à Lusa, que não mentiu, e disse que a notícia avançada pelo Expresso refere "pressões de várias pessoas influentes e com acesso ao poder" e, por isso, considerou "estranha" as declarações do ministro da Educação, Fernando Alexandre, que acusou o reitor de mentir.

A Federação Académica do Porto (FAP) e as 14 Associações de Estudantes da Universidade do Porto pediram hoje a convocação urgente de um Senado Académico para que os dirigentes responsáveis expliquem o caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina.

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"A Federação Académica do Porto e as Associações de Estudantes da Universidade do Porto apelam ao diálogo entre o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e o reitor da Universidade do Porto, considerando ainda indispensável a convocação urgente de um Senado Académico, com a presença de ambos", lê-se numa nota de imprensa enviada hoje à Lusa.

Os candidatos ao concurso especial de acesso ao Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Porto (U.Porto) confessaram à Lusa que se sentem lesados pela U. Porto, referindo que mudaram de cidade, abandonaram empregos de anos, investiram em imóveis e desistiram de mestrados.

A FAP também já veio exigir um "inquérito interno" para apurar o porquê do diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto informar 30 candidatos da entrada em Medicina sem autorização do reitor da Universidade do Porto.

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O PSD veio entretanto pedir uma audição urgente do ministro da Educação e do reitor da U.Porto para prestarem esclarecimentos. O PSD requer ainda a audição do diretor da FMUP, e o PS e a IL também pediram a audição do ministro da Educação no parlamento.

Questionado pelos jornalistas para saber o que o trouxe à Agrosemana, o ministro da Educação declarou que esta feira é "muito importante para o país", bem como todo o setor agrícola.

"É um setor fundamental. A Europa percebeu isso nos últimos anos com a guerra na Ucrânia, com a dependência que temos, muitas vezes, em áreas essenciais. E Portugal também. E, por isso, este Governo tem feito uma grande aposta na agricultura", declarou.

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Fernando Alexandre acrescentou que decidiu aceitar o convite para o evento porque é necessária a qualificação de pessoas para o setor.

"Estou aqui como ministro da Educação, porque a qualificação de pessoas para o setor e também na dimensão de ciência e inovação para a área agrícola é fundamental. Estamos muito comprometidos em conseguir melhorar as condições de todo o setor agrícola", esclareceu.

"[O Governo tem] uma grande aposta na formação. Seja na área profissional, seja no [ensino] superior, nos cursos que são fundamentais para garantir que podemos dar resposta às necessidades que temos", concluiu.

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