Mortágua apela ao voto dos "invisíveis" e acusa direita de "não saber o que é o trabalho"

Coordenadora nacional do BE apelou diretamente ao voto de quem trabalha, salientando que o trabalho "define-nos todos os dias".

10 de maio de 2025 às 18:27
Mariana Mortágua Foto: Filipe Amorim/Lusa
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A coordenadora nacional do BE fez este sábado um apelo ao voto dos "invisíveis e esquecidos" da sociedade, num discurso no qual acusou a direita de "não saber o que é o trabalho" e apontou a mira à IL.

"A todos os invisíveis, que trabalham de sol a sol, queremos dizer a uma só voz: agora. Agora que estamos juntas, agora que sim nos ouvem, agora que sim nos veem, vamos acabar com a exploração, vamos mudar de vida com um voto no BE", apelou Mariana Mortágua, numa festa-comício organizada este sábado pelo partido na Associação de Moradores da Bouça, no distrito do Porto.

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Ao sétimo dia de campanha para as legislativas, Mortágua apelou diretamente ao voto de quem trabalha, salientando que o trabalho "define-nos todos os dias", contudo, "não é tema de campanha".

A líder bloquista argumentou que "de cada local de trabalho vemos o mundo" de uma forma distinta e é "diferente ver a política a partir de um local de privilégio, fortuna, de herança, ou ver o país a partir do trabalho".

"A direita não sabe o que é o trabalho difícil, o que é o trabalho que acorda cedo, o trabalho que se esforça para chegar ao fim do mês, porque não vê o trabalho, não vê trabalhadores, não sabe o que é o trabalho", acusou.

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Mortágua voltou a criticar uma proposta da Iniciativa Liberal que visa reduzir o número de funcionários administrativos, argumentando que "o problema" é que esse partido "não faz ideia do que faz um trabalhador do Estado, porque não vê o trabalho".

"Nós vemos a dona Isabel, que é funcionária administrativa de uma escola e que trabalhou todos os fins de semana para garantir que os professores que foram recolocados - porque nós conseguimos devolver o tempo de serviço aos professores -, tinham salário certo, no escalão certo, no momento certo. É isto que ela faz, doutor Rui Rocha, é processar os salários e garantir que a escola funciona e que os alunos podem ir à escola", atirou.

Numa intervenção de cerca de 15 minutos, Mortágua tentou demonstrar a centralidade do trabalho no dia-a-dia de todos os cidadãos.

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"Há duas perguntas que normalmente fazemos quando conhecemos alguém. A primeira é 'como te chamas?' É normal. E a segunda, quando as pessoas têm idade suficiente para isso, é 'o que é que fazes'?", pergunta que por norma é respondida com uma determinada profissão.

A coordenadora nacional do BE deixou ainda críticas às alterações à legislação laboral feitas nos últimos trinta anos que, na sua ótica, criaram uma autêntica "selva" legal.

"Foram leis que fizeram. Foram deputados que votaram estas leis. O mercado existe e a selvajaria existe porque alguém votou para ter essas leis. Não há um espaço de não lei. Há a lei que protege e a lei que desprotege. Há a lei que protege e a lei que oprime. Há a lei que protege e a lei que permite explorar", frisou.

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Tentando contrariar o discurso contra os imigrantes, Mariana Mortágua apelou à união de todos os trabalhadores, porque "um trabalhador tem mais em comum com outro trabalhador imigrante do que com um milionário que herdou toda a sua fortuna".

"No dia do voto valemos todos, todas valemos o mesmo. E é por isto que apelamos a quem tem uma vida difícil, a quem é invisibilizado, esquecido, a quem acorda de manhã cedo para ir trabalhar, a quem faz trabalho por turnos, a quem faz trabalho noturno, a quem leva o país para a frente, que vote em quem os represente no parlamento, que vote em quem os vê, em quem vê o trabalho, em quem sabe que o trabalho é o que nos une", apelou.

O BE inaugurou hoje um novo tipo de ação de campanha, uma espécie de comício em formato de festa cultural, que vai repetir em Lisboa, no domingo.

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Na associação de moradores da Bouça, no Porto, foram montadas várias bancas com comida, arte e jogos tradicionais.

Em dia de dérbi que pode decidir o vencedor do campeonato nacional de futebol, entre Benfica e Sporting, não faltou uma televisão para ver o jogo, no café ao lado daquele espaço, onde Mariana Mortágua se juntou.

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