Nuno Melo afirma que 50 anos do 25 de novembro serão celebrados sem ideologia para unir família militar e sociedade
"Sejamos capazes de cumprir este ciclo com memória histórica, sem ideologia, mas também sem esquecer", afirma ministro da Defesa.
O ministro da Defesa afirmou, esta segunda-feira, que as comemorações dos 50 anos do 25 de Novembro serão realizadas sem ideologia, com base na factualidade histórica, servindo para unir a família militar e a sociedade portuguesa.
Nuno Melo assumiu esta posição num breve discurso que proferiu no Museu da Marinha, em Lisboa, após ter inaugurado uma exposição intitulada "Do 25 de Abril ao 25 de Novembro", considerada "um pontapé de saída" para as comemorações dos 50 anos desta operação militar.
Na sua intervenção, o ministro da Defesa procurou assegurar que o Ministério da Defesa não terá qualquer interferência na Comissão das Comemorações do 25 de Novembro de 1975 e fez um rasgado elogio ao presidente desta comissão, o tenente-general Alípio Tomé Pinto, também presente na inauguração da exposição.
"Ao lado do general Ramalho Eanes, foi à sua escala um dos obreiros do 25 de Novembro, sendo também uma referência como combatente, um herói de guerra. É muito importante percebermos o respeito que os três ramos das Forças Armadas lhe dedicam", salientou Nuno Melo.
Depois, o titular da pasta da Defesa falou sobre o objetivo das comemorações: "O que se pretende é unir a família militar, unir a sociedade portuguesa".
"Sejamos capazes de cumprir este ciclo com memória histórica, sem ideologia, mas também sem esquecer", rematou.
No início do seu discurso, Nuno Melo apresentou de forma sumária a sua conceção relativa ao processo de transição democrática em Portugal.
"No 25 de Abril de 1974, complementado pelo 25 de Novembro de 1975, celebramos datas que são fundadoras e estruturantes da própria democracia e da liberdade que hoje desfrutamos. O 25 de Abril trouxe o fim do Estado Novo e a liberdade, mas foi o 25 de Novembro que devolveu a Abril o seu propósito originário de entrega ao povo da capacidade de decidir por si, através do voto, o seu destino", declarou.
Relativamente ao conteúdo das comemorações do 25 de Novembro de 1975, Nuno Melo frisou que ele próprio, enquanto tutela, não terá qualquer interferência.
"O que se pretende é este caráter didático, mas evocativo de uma data maior", contrapôs, isto depois de o general Tomé Pinto, também numa breve intervenção, ter manifestado "apreço pelo esforço do Ministério da Defesa" no que respeita à evocação da operação militar de novembro de 1975.
"O 25 de Novembro é uma continuação do 25 de Abril. Precisamos de boa informação. A História tem de contar a verdade. A comissão a que presido tem preocupação com os factos, mas não com as ideologias", disse.
A exposição esta segunda-feira inaugurada pelo ministro da Defesa está instalada junto à parede do fundo do Pavilhão das Galeotas do Museu da Marinha, tem cerca de 20 metros de comprimento, contendo nove conjuntos de painéis, o último dos quais dedicado à operação militar de 25 de Novembro.
Tem dois televisores, um com imagens da revolução do 25 de Abril de 1974 e outro com o trailer de um documentário sobre o 25 de Novembro, da autoria do jornalista Armando Seixas Ferreira, atual assessor do ministro da Defesa.
O documentário, feito em parceria com a RTP, que forneceu as imagens, tem a sua estreia marcada para 10 de dezembro, no Cinema São Jorge, em Lisboa. Entre outros conteúdos, apresenta uma entrevista exclusiva com o general Ramalho Eanes.
Já no que respeita ao acervo documental da exposição, mostram-se vários comunicados emitidos por partidos e unidades militares, assim como fotografias do chamado "Verão Quente" de 1975.
Está também patente uma carta enviada por Fidel Castro ao então Presidente da República, general Costa Gomes, convidando as Forças Armadas portuguesas a integrarem manobras das forças armadas revolucionárias cubanas, previstas para o período entre 01 e 06 de dezembro de 1975.
No painel dedicado ao 25 de Novembro de 1975, resume-se da seguinte forma a operação militar: "Resultou de um conflito pelo poder entre revolucionários e moderados e que decorreu no chamado Verão Quente".
"Culminou num movimento militar conduzido por parte das Forças Armadas portuguesas, com destaque para o comando operacional de Ramalho Eanes, que pôs fim ao PREC (Processo Revolucionário em Curso), estabilizando o processo democrático em Portugal", lê-se nesse painel.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt