Nuno Melo defende mutualização da dívida para financiar rearmamento no curto prazo

Ministro da Defesa Nacional insiste na necessidade "desburocratizar" as regras da contratação pública no setor.

17 de abril de 2025 às 14:04
Nuno Melo, ministro da Defesa Nacional Foto: Filipe Amorim/Lusa
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O ministro da Defesa Nacional considerou esta quinta-feira que a mutualização da dívida a nível europeu pode ser "crucial para financiar o rearmamento no curto prazo" e insistiu na necessidade de "desburocratizar" as regras da contratação pública no setor.

"A mutualização da dívida, já defendida por Draghi, pode ser crucial para financiar o rearmamento no curto prazo. Em contextos urgentes, este tipo de investimento justifica recurso à dívida, com impacto positivo no PIB (por via do consumo público)", considerou Nuno Melo, que falava na 3ª Conferência Relatório Draghi -- Segurança e Defesa, organizada pelo jornal Eco.

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No entanto, continuou o ministro, "a sua continuidade a médio e longo prazo poderá exigir uma reestruturação da despesa pública, evitando pressões insustentáveis pelo crescente peso do serviço da dívida".

A mutualização da dívida foi uma das "três ideias chave" do relatório elaborado pelo antigo primeiro-ministro italiano Mario Draghi sobre a competitividade da Europa que Nuno Melo destacou na sua intervenção, a par das alterações das regras de contratação pública.

"Temos sido vocais neste tema. A Defesa é um setor de consumo público (menos concorrencial), com regras específicas onde a segurança e o interesse nacional se sobrepõem à concorrência. Queremos alterar regras de contratação pública, reforçando a transparência e o controlo dos atos, mas desburocratizando e simplificando os procedimentos", sublinhou.

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O também presidente do CDS-PP salientou que este relatório "diagnosticou claramente que há falta de competitividade e que a Europa se arrisca a ficar para trás nestas áreas, comprometendo a defesa dos nossos valores, modo de vida e desenvolvimento económico e social", alertando que "é preciso que a Europa volte a liderar -- «make Europe lead again» --, na inovação, nas agendas mobilizadoras (da transição digital e verde), e na segurança".

Nuno Melo apontou para a instabilidade do atual contexto internacional, com a guerra da Ucrânia, a China a afirmar-se como "potência global e rival dos Estados Unidos da América", país que por sua vez "aligeirou o seu papel na NATO" e impôs taxas que "ameaçam o crescimento global e o livre comércio".

A Europa, continuou, descobriu "a importância da reindustrialização assente na inovação" bem como a necessidade de reforçar o pilar europeu de Defesa na NATO, para compensar "anos de dependência do esforço norte-americano".

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Nuno Melo argumentou que o aumento do investimento em Defesa não decorre apenas dos compromissos assumidos a nível internacional, uma vez que as indústrias deste setor "têm um papel estratégico" para a modernização das Forças Armadas e para o "fortalecimento da economia do país".

O ministro afirmou que está em causa um universo de 380 empresas, 40 mil postos de trabalho, e que representa 2,5% das exportações, "com exportações e salários duas vezes superiores à média, além de investirem mais em investigação e desenvolvimento, e serem mais produtivas".

"Indicadores recentes mostram que as indústrias de Defesa já representam mais do que o peso da Autoeuropa na economia. E o 'cluster' aeronáutico, em expansão, já vale 1.7 mil milhões. Foi com esse propósito que o aumento do investimento na Defesa começou antes do Relatório Draghi", defendeu.

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Nuno Melo deu como exemplo o investimento de 200 milhões de euros do Governo na aquisição de doze aeronaves A29 Super Tucano e um simulador de voo à empresa brasileira Embraer, "dos quais 75 milhões serão aplicados na indústria portuguesa" que vai reconfigurar as aeronaves para os padrões da NATO.

"No plano de ajuda à Ucrânia, investimos 52 milhões de euros na iniciativa liderada pelo Reino Unido para aquisição de drones, mas serão drones produzidos em Portugal, num setor em que damos cartas a nível global", acrescentou.

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