Parlamento ignora o desgaste rápido em call centers

Parlamento não vota texto porque nenhum partido apresentou iniciativas legislativas.

21 de janeiro de 2019 às 09:46
Call center Foto: Getty Images
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A petição que exige a regulamentação do trabalho em call centers como profissão de desgaste rápido vai ser discutida esta quinta-feira no Parlamento, mas não será sujeita a votação porque nenhum partido apresentou propostas legislativas.

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As reivindicações do Sindicato dos Trabalhadores dos Call Centers (STCC), que passam pela "redução do horário laboral para seis horas diárias sem perda salarial e o direito a pausas de seis minutos por hora", arriscam-se a não ter qualquer impacto legislativo, reduzindo--se ao debate do terceiro ponto da agenda do plenário.

"Percebemos o objetivo desta petição, contudo, a definição de profissão de desgaste rápido requer uma avaliação mais rigorosa", disse ao Correio da Manhã a deputada do PCP Rita Rato. O Bloco de Esquerda (BE) "não descarta a hipótese mas também defende um debate mais amplo", afirma a deputada bloquista Isabel Pires. "Nas próximas semanas", o BE vai "propor uma inspeção nacional aos call centers para identificar situações de precariedade e de falso outsourcing", acrescentou.

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O PS, embora admita "algum défice de cobertura legislativa" nesta profissão e a existência de "muitas denúncias", não se compromete com a apresentação de uma proposta.

Já PSD e CDS consideram excessiva a atribuição do estatuto de desgaste rápido. Neste momento, só há seis profissões que gozam desse direito: bordadeiras da Madeira, DJ, pescadores, trabalhadores das minas e pedreiras e bailarinos.

"Isto só demonstra a falta de vontade política dos deputados", atira o dirigente nacional do STCC Manuel Afonso. "Entregámos a petição no fim de 2016, já era tempo para terem apresentado propostas", vinca.

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Em todo o País, há 89 call centers que empregam 82 mil pessoas, mais de metade a termo ou em regime temporário, com um salário médio mensal que em 2017 era de 769 euros, uma redução de 23 euros face a 2016. A maioria dos centros está localizada nas regiões de Lisboa e Porto, segundo os dados mais recentes da Associação Portuguesa de Contact Centers.

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