Patrões desafiados para aumento salarial de 2,7%
Proposta do Executivo para a subida de salários tem em conta as variações da inflação e da produtividade até ao fim da legislatura.
O Governo propõe que os salários do setor privado cresçam 2,7% já no próximo ano. A meta foi apresentada ontem numa reunião da Concertação Social. O Executivo quer que os salários cresçam "acima daquilo que é a soma da inflação e da produtividade", explicou o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira.
O pacote, discutido com os parceiros sociais, avança também com propostas de aumentos nominais de 2,9% em 2021 e 2022 e de 3,2% em 2023. Os números sugeridos pelo Governo são encarados como "indicativos", ou seja, como um mínimo para a atualização anual.
Tendo em conta o salário médio no País, que era de 1039 euros em setembro, é possível perceber como evoluiriam os ordenados no privado. No próximo ano, os 1039 euros subiriam cerca de 28 euros. E até 2023, quando termina a legislatura, o aumento total seria de quase 127 euros.
Apesar de encararem a intenção do Governo de forma positiva, os patrões avisam que seria melhor uma negociação ano a ano, "tendo em conta a diversidade dos setores", explicou João Vieira Lopes, da CCP. Já o líder da CIP, António Saraiva, lembrou que não podem ser os patrões "a definir o valor unilateralmente". À mesa das negociações chegou um pedido dos patrões para mais incentivos às empresas e ao investimento, algo a que o Governo respondeu com uma redução do IRC, já em 2020, para as PME que reinvistam os lucros.
Os sindicatos esperavam maior ambição na proposta do Executivo. A UGT de Carlos Silva lamenta que os números fiquem "um bocadinho abaixo" do desejado, apontando para uma subida entre 3 e 4%. Já a CGTP diz temer que os objetivos definidos do Governo contribuam para uma "cartelização" que permita "pôr os patrões a pagar menos". Para Arménio Carlos, a subida de 2020 é "curtinha e insuficiente" quando comparada o salário mínimo.
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