PCP diz que pacote laboral foi rejeitado pela população e agora vai sofrer "derrota política"

Secretário-geral do PCP afirmou que único caminho que o Governo tem é retirá-lo da discussão.

15 de dezembro de 2025 às 19:45
Paulo Raimundo Foto: DR
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O secretário-geral do PCP afirmou esta segunda-feira que o pacote laboral foi rejeitado do ponto de vista social e vai sofrer agora uma "derrota política", afirmando que o único caminho que o Governo tem é retirá-lo da discussão.

O pacote laboral "está rejeitado do ponto de vista social. Ele está rejeitado do ponto de vista da opinião pública. Ele está rejeitado do ponto de vista dos trabalhadores. O que falta é derrotá-lo do ponto de vista político. É isso que falta e é isso que vai acontecer", antecipou Paulo Raimundo em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa, após uma reunião do Comité Central do PCP.

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O secretário-geral do PCP afirmou que a greve geral de quinta-feira foi uma "poderosa demonstração de força e unidade dos trabalhadores" perante a proposta do executivo e disse parecer-lhe uma evidência que, agora, "o pacote laboral está rejeitado e o único caminho a seguir é retirá-lo da discussão".

"Se o Governo insistir neste pacote, vai ter de enfrentar as consequências dessa decisão. E não há maiorias suficientes, políticas nem institucionais, capazes de suportar a força dos trabalhadores", afirmou, salientando que "nenhum Governo", independentemente da maioria que tenha, é capaz de "impor a sua vontade aos trabalhadores".

Paulo Raimundo salientou que já recordou uma vez ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, que, em 2012, quando o Governo de Pedro Passos Coelho quis mexer na Taxa Social Única (TSU), "foi o início do fim daquele Governo".

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"E pronto, eu não diria mais nada. É uma evidência", disse.

Questionado sobre as declarações da ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, que disse que recusa "voltar à estaca zero" no pacote laboral após a greve, Paulo Raimundo considerou essa "afirmação completamente inexpressiva", numa alusão às declarações do ministro António Leitão Amaro no dia da greve geral, que a considerou inexpressiva.

"A senhora ministra continua a viver no seu mundo e parece que não quis ouvir. O Governo entrou em negação. A senhora ministra acha que tem o campo aberto para continuar com esta obsessão de atacar os trabalhadores e os trabalhadores portugueses responderam de forma clara rejeitando essa opção", referiu, deixando um aviso a Maria do Rosário Palma Ramalho.

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"Não vale a pena vir com manobras de retirar esta ou aquela peça para manter o essencial ou, como a ministra dizia, as 'traves mestras'. As 'traves mestras' são o quê? Mais precariedade, mais ataque aos horários, despedimentos sem justa causa, é o ataque aos salários. É sobre estas traves mestras que os trabalhadores se manifestaram", disse.

Sobre o facto de o Governo ter contestado os números dos sindicatos sobre a adesão à greve, Paulo Raimundo considerou que o executivo "perdeu uma boa oportunidade para estar calado" e afirmou que a "única coisa inexpressiva que houve no dia 11 foi a cara dos ministros e do primeiro-ministro".

"O Governo que continue a viver no seu mundo, o primeiro-ministro que continue com a sua arrogância e a viver na sua bolha. Façam o que quiserem. O que é um facto, objetivo e generalizado, é que o pacote laboral foi rejeitado", disse, aconselhando o executivo a retirar a proposta e antecipando que, se for levada a votos, o PCP votará contra.

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Na sua declaração inicial, Paulo Raimundo considerou que "a força imensa que se libertou no quadro da greve geral constitui uma onda não só de resistência, mas também de esperança e construção da alternativa que se impõe".

"A poderosa expressão da greve geral contribui para o isolamento deste caminho em curso e abre a perspetiva de ampliação da frente social de luta para o derrotar", afirmou.

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