"Há todas as razões para o PS viabilizar o OE": Montenegro cede a exigências dos socialistas para aprovação do documento

IRS Jovem, IRC, habitação e exclusividade de médicos no SNS foram algumas das propostas socialistas adotadas.

03 de outubro de 2024 às 18:46
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O Governo acolheu algumas das medidas do Partido Socialista numa "proposta irrecusável" apresentada para permitir a viabilização do Orçamento do Estado. Após uma reunião de cerca de 30 minutos com o opositor, Luís Montenegro confirmou que o Executivo optou por um quadro de aproximação nas matérias mais controversas, como o IRS jovem e o IRC, não escondendo que o nível de cedência "foi suficientemente intenso". 

"Focados naquilo que temos de fazer para dar resposta aos reais problemas das famílias portuguesas, o esforço que devemos fazer para ter um Orçamento do Estado aprovado tem que ser o maior possível", apontou o primeiro-ministro. "Há todas as razões para o PS viabilizar o Orçamento do Estado. É minha convicção que a reflexão do secretário-geral do PS deverá conduzir à viabilização do Orçamento. Assim, os políticos e a política servir o interesse das pessoas"", constatou. 

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IRS Jovem e IRC

No que diz respeito ao IRS Jovem, na nova proposta consta que as qualificações vão deixar de contar para quem beneficia da redução.

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Nos primeiros anos de trabalho, os jovens vão contar também com um apoio do Governo, podendo contar com uma isenção de 100% no seu primeiro ano de trabalho, 75% do segundo ao quinto anos; de 50% do sexto ao nono anos; e 25% e de isenção do décimo ao terceiro.

Os incentivos à valorização salarial e capitalização das empresas e a redução em 20% da tributação autónoma dos veículos foram as três reduções seletivas propostas pelo PS que o Governo aceitou. 

O primeiro-ministro também apresentou a Pedro Nuno Santos uma contraproposta sobre a redução do IRC, que em vez de cair para 15% no final da legislatura decresce para 17%, sendo que em 2025 o corte é de um ponto percentual.

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Desta forma, o Governo "abdica de metade da proposta de diminuição" para o próximo ano, enquanto para os restantes anos, a definição exata será tomada nos respetivos orçamentos.

Mais propostas do PS no OE

Vai haver uma dotação orçamental superior a 500 milhões de euros para investimento em habitação pública acessível para a classe média e jovens, bem como um esforço adicional de disponibilização de acamas para o alojamento de estudantes. 

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Relativamente às pensões, estas serão reforçadas acima do resulta a atualização legal.

Reunião durou menos de meia hora

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A segunda reunião entre o primeiro-ministro e o líder do PS sobre o Orçamento do Estado terminou ao fim de menos de meia hora.

Pedro Nuno Santos saiu da residência oficial do primeiro-ministro com uma pasta na mão pelas 19:10, depois de ter chegado pelas 18h40.

Depois de um debate quinzenal tenso entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, o primeiro-ministro recebeu o veio receber o secretário-geral do PS ao jardim da residência oficial, quando na semana passada tinha esperado por ele no cimo da escadaria, e cumprimentaram-se com um aperto de mão, idêntico cumprimento ao da despedido.

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Debate intenso

O debate quinzenal terminou com o primeiro-ministro a afirmar que, se o PS rejeitar um entendimento quanto à redução do IRC e ao IRS Jovem, então o melhor seria o Governo não ter começado.

À saída do hemiciclo, o líder do PS acusou Montenegro de tratamento arrogante e de sobranceria impróprias de quem quer um acordo para o Orçamento e pretende evitar uma crise política com recurso a eleições.

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Na sexta-feira passada, o primeiro-ministro e o líder do PS tinham-se reunido pela primeira vez para negociar o Orçamento do Estado para 2025, num encontro que terminou com posições aparentemente distantes, mas sem rutura.

OE tem que ser entregue até dia 10

O Orçamento do Estado para 2025 tem de ser entregue na Assembleia da República até 10 de outubro e tem ainda aprovação incerta, já que PSD e CDS-PP somam 80 deputados, insuficientes para garantir a viabilização do documento. Na prática, só a abstenção do PS ou o voto a favor do Chega garantem a aprovação do OE2025.

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