Portugal defende prevenção e financiamento adequado para operações de paz da ONU

Embaixador de Portugal junto da ONU afirmou que essas missões têm sido uma das expressões mais visíveis "do multilateralismo em ação".

10 de setembro de 2025 às 00:02
ONU Foto: Pixabay
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Portugal considerou, esta terça-feira, a prevenção, a sustentabilidade, o financiamento adequado e a adaptabilidade como fatores prioritários para assegurar o futuro das Operações de Paz das Nações Unidas (ONU).

Num debate aberto do Conselho de Segurança sobre o futuro das operações de paz, o embaixador de Portugal junto da ONU, Rui Vinhas, afirmou que essas missões têm sido uma das expressões mais visíveis "do multilateralismo em ação", tendo salvado vidas, impedido a escalada de conflitos e apoiado processos políticos frágeis.

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No entanto, tendo em conta que os conflitos estão cada vez mais complexos, transnacionais e prolongados, Portugal defendeu a necessidade de garantir que as operações de manutenção da paz se mantêm eficazes e credíveis.

Vinhas apontou para a importância da sustentabilidade, frisando que o apoio político, o envolvimento regional e as parcerias regionais fortes, especialmente com a União Africana, são cruciais para um resultado bem-sucedido.

"Devemos também esforçar-nos por proteger as operações das crises de liquidez que comprometam a execução dos mandatos (...) E nunca devemos ignorar que, sem financiamento adequado, todo o trabalho e esforços restantes podem acabar por ser em vão", observou.

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O debate desta terça-feira acontece num momento em que a ONU enfrenta uma grave crise de financiamento, potenciada por cortes significativos de países como os Estados Unidos.

Tendo em conta essas limitações orçamentais, as Nações Unidas colocaram em marcha a "Iniciativa ONU80" - um projeto que visa mudanças estruturais na própria organização, como a fusão de unidades, eliminação de duplicações funcionais e estruturais, e cortes em funções que são desempenhadas noutras partes do sistema, incluindo nas missões de paz.

Além da necessidade de financiamento adequado, Rui Vinhas destacou também o papel da prevenção, defendendo que as operações de manutenção da paz devem contribuir cada vez mais para a resolução pacífica dos litígios através da mediação, da diplomacia preventiva e dos bons ofícios do secretário-geral.

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Por fim, o embaixador português ressaltou a questão da adaptabilidade, afirmando que as missões devem ser adaptadas às realidades no terreno, com mandatos que sejam "exequíveis e politicamente fundamentados".

Defendeu igualmente que a inteligência artificial deve fazer parte dessa adaptação, mas frisou que a agilidade não deve ser feita em detrimento da proteção dos civis e dos direitos humanos, da sensibilização ambiental e climática e da participação efetiva das mulheres e dos jovens.

"Portugal acredita que este é um momento para reafirmar o nosso compromisso coletivo: as operações de manutenção da paz da ONU são cruciais e o apoio dos Estados-membros é essencial", disse.

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Portugal, enquanto país que contribuiu com mais de 20 mil efetivos para as Operações de Paz da ONU nos últimos 65 anos, continuará a apoiar os esforços para tornar estas operações mais coerentes e com mais impacto, garantiu o diplomata.

"Como candidato a um lugar não permanente no Conselho de Segurança da ONU para 2027-2028, Portugal continuará a defender uma abordagem integrada, centrada nos três 'Ps': prevenção, parceria e proteção", concluiu.

No próximo ano, Portugal vai concorrer a uma vaga no Conselho e terá como adversários diretos a Alemanha e a Áustria, numa disputa pelos dois lugares de membros não-permanentes atribuídos ao grupo da Europa Ocidental para o biénio 2027-2028.

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