PS quer sanções após insultos do Chega a deputada cega
Socialistas acusam partido de André Ventura de ser “um bando de delinquentes no Parlamento”
“Temos um bando de delinquentes no Parlamento.” Foi assim que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, classificou os insultos do Chega contra a deputada Ana Sofia Antunes, que é cega. “Não respeitam quem lhes paga o salário, que são os portugueses”, adiantou o socialista, depois do partido ter pedido sanções.
As alterações ao código de conduta dos deputados foram exigidas pela líder parlamentar socialista, Alexandra Leitão, de forma a sancionar insultos no hemiciclo, como os que aconteceram no plenário de quinta-feira. “O ambiente de violência verbal tem de acabar”, apontou.
Entre as alterações a ser estudadas, o PS quer “sanções como existem em parlamentos de vários países e no parlamento europeu”, clarificou Alexandra Leitão, que exigiu um pedido de desculpas do presidente da Assembleia da República, Aguiar-Branco, em nome do Parlamento.
O caso remonta ao plenário de quinta-feira, quando a deputada do Chega Diva Ribeiro acusou a parlamentar socialista Ana Sofia Antunes de apenas focar-se em questões de deficiência por ser cega. Ao mesmo tempo, eram ditos insultos com o microfone desligado vindos da bancada liderada por André Ventura: “aberração” ou “drogada” foram algumas das palavras ditas.
A deputada visada pelos insultos sublinhou que “não posso permitir desconsiderações" e que foram “ofendidas todas as pessoas com deficiência, rotuladas como incapazes, inábeis ou incompetentes.”
Em defesa do Chega, André Ventura afirmou que “se há partido que tem sofrido na pele esses ataques, esse partido é o Chega”, mas admitiu que irá fazer uma autocrítica, apesar de não dar já uma posição sobre o agravamento de sanções.
Reações
PSD: "Tenho sérias dúvidas de que isto sejam matérias passíveis de serem reguladas. Não há forma de regular a falta de educação", Hugo Soares, líder parlamentar
BE: "O Parlamento não pode tolerar a discriminação violenta, o bullying, a agressão verbal. O Bloco está aberto a iniciar um processo de reflexão", Fabian Figueiredo, líder parlamentar
Iniciativa Liberal: "Foi uma intervenção grave, indigna e factualmente errada", Rodrigo Saraiva, deputado e vice-presidente da Assembleia da República
PCP: "O Chega deve um pedido de desculpas ao Parlamento e ao país. Foi o ponto mais baixo", António Filipe, deputado
Livre: "[Aguiar-Branco] tem parcialidade em relação a um grupo parlamentar porque é maior, faz muito barulho e se calhar mete mais medo", Rui Tavares, deputado
CDS: "Em muitos casos os insultos provenientes das bancadas do Chega estão exatamente ao mesmo nível dos insultos das bancadas à esquerda", Paulo Núncio, líder parlamentar
PAN: "Comportamentos atingiram um patamar absolutamente inqualificável. Não será o Chega que nos vai intimidar", Inês Sousa Real, deputada
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