Raimundo desafia Setúbal a escolher entre "gente séria" ou "ao serviço do próprio umbigo"
Maria das Dores Meira optou por desvincular-se do PCP e apresentar uma candidatura própria à autarquia, apoiada pelo PSD, contra a do atual presidente da Câmara.
O secretário-geral do PCP desafiou este domingo os setubalenses a escolherem se querem uma autarquia liderada por "gente séria e honesta" ou por quem está "ao serviço do seu próprio umbigo", numa alusão a Maria das Dores Meira.
Paulo Raimundo participou esta tarde num comício em Setúbal, cidade presidida pela CDU desde 2001, mas onde, nas eleições autárquicas de 12 de outubro, a coligação enfrenta a concorrência da sua ex-presidente de câmara.
Maria das Dores Meira, que presidiu à autarquia entre 2006 e 2021, sempre eleita nas listas CDU, optou por desvincular-se do PCP e apresentar uma candidatura própria à autarquia, apoiada pelo PSD, contra a do atual presidente da Câmara, André Martins, nas listas da coligação integrada por PCP e Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV).
Sem nunca nomear diretamente a candidata, Paulo Raimundo deixou-lhe várias críticas implícitas ao longo do seu discurso, afirmando que a CDU é composta por "gente séria, gente honesta, gente com seriedade", apesar de isso "parecer não estar na moda", e não tem "ninguém à procura de garantir o seu futuro".
"Aqui não há ninguém ao serviço de um bem próprio ou, se quisermos de forma mais simplista, não há aqui ninguém ao serviço do seu próprio umbigo", afirmou.
O secretário-geral do PCP disse haver "muita mentira, muita demagogia e até resquícios de ódio" perante a candidatura da CDU em Setúbal, o que considerou dever-se ao facto de a coligação ter construído uma cidade que "abre apetites".
"Mas também queremos dizer que, daquilo que depender destes candidatos, destes apoiantes, desta gente empenhada, daquilo que depender da CDU, Setúbal não está à venda, não é para retalhar, não é para vender às fatias", disse.
Paulo Raimundo frisou que a CDU não é arrogante nem considera que fez tudo bem em Setúbal, mas avisou que não vai permitir que "ninguém, seja lá quem for, venha com os meios que vier, tenha os apoios que queira ter", minimize a "obra extraordinária" que a coligação realizou na cidade nos últimos quatro anos.
"Nós resolvemos neste mandato muitos problemas que tinham sido criados anteriormente", frisou, novamente numa crítica implícita a Maria das Dores Meira, responsável pela gestão de Setúbal antes do atual mandato.
Dirigindo-se aos setubalenses, Paulo Raimundo disse que a questão que se coloca no próximo dia 12 de outubro é saber se "querem ter uma terra no caminho que está em curso, no caminho do progresso, ao serviço dos seus interesses, de construir uma terra ainda melhor".
"Ou se querem uma terra ao serviço dos interesses que não são os seus, se vamos ser iludidos pelas promessas daqueles que tanto prometem coisas insólitas quanto boicotaram, ou fizeram tudo para boicotar, o nosso trabalho, se vamos na conversa da sereia", referiu.
O secretário-geral do PCP frisou que, se é esse caminho que os setubalenses querem escolher, então "podem votar na lista do PS" ou na lista "que metade do PSD apoia", frisando que seria a escolha certa para "aqueles que querem uma Setúbal da negociata, ao serviço dos interesses de uns poucos".
Paulo Raimundo abordou também, sem a mencionar explicitamente, a candidatura do Chega a Setúbal, encabeçada por António Cachaço, frisando que é a candidatura certa para quem acha que a cidade é "uma terra da mentira, da demagogia, do ódio".
"Mas se querem uma terra ao seu serviço e ao serviço das populações, no caminho e ao serviço do progresso, então só há uma única opção: é votar, é apoiar, é fazer crescer a CDU", defendeu.
No início do seu discurso, Paulo Raimundo referiu-se ao facto de, este sábado, a UNESCO ter aprovado a Serra da Arrábida como Reserva da Biosfera da UNESCO, felicitando as câmaras municipais de Setúbal, Sesimbra e Palmela pelo sucesso da candidatura - tudo autarquias atualmente lideradas pela CDU - e frisando que se trata "também de uma conquista do projeto" da coligação.
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