Santa Casa sem pressa quer entrar no Montepio reforçada
Misericórdia só aceita entrar com 200 milhões de euros se tiver poder de decisão no banco.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não quer acelerar a entrada no capital da Caixa Económica Montepio Geral. A instituição liderada por Edmundo Martinho quer garantir que os 200 milhões de euros que deverão ser injetados no banco lhes darão poder de gestão reforçado.
Várias fontes contactadas pelo CM adiantam que a Santa Casa "não tem pressa" e frisam que a aquisição de até 10% do capital do banco não é uma mera operação financeira, mas a tentativa de obter um maior peso na Caixa Económica. Daí que esteja disposta a injetar até 200 milhões, montante que os analistas dizem ser superior ao que vale 10% do banco. Ao ‘Público’ Edmundo Martinho já tinha admitido que, a concretizar-se o negócio, a Santa Casa deveria ter um a dois administradores executivos. Ontem, à TSF, garantiu que "a entrada no Montepio não põe em risco a intervenção social da Santa Casa" e que a decisão "não será tomada este ano, seguramente".
Criticado por ainda não ter alertado para eventuais riscos do negócio, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de frisar como "não há estudo, não há auditoria e não há decisão", pelo que "não há problema". "O Presidente não tem de intervir sobre uma realidade que não existe", sublinhou. Várias fontes adiantam ao CM que Marcelo tem sido um dos principais entusiastas do negócio.
Entre os partidos, CDS, PSD e PCP levantam dúvidas. Os centristas enviaram dez questões sobre o dossiê ao primeiro-ministro e pediram a audição urgente do ministro do Trabalho e do provedor da Santa Casa. Jerónimo de Sousa, líder do PCP, diz estar "atento" ao processo e reconhece que as notícias sobre o negócio "não são claras". Só o Bloco se coloca ao lado do Governo. Catarina Martins apenas diz que tem "ouvido a direita mais preocupada com quem teve a ideia do que com o problema que está em causa".
1498
Foi a 15 de agosto de 1498 que surgiu a primeira misericórdia em Portugal, fruto da intervenção da Rainha D. Leonor. A Misericórdia adotou como símbolo identificador a imagem da Virgem com o manto aberto.
Contas sólidas
Os resultados líquidos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 2016 ascenderam a 21,1 milhões de euros, superiores em 15,3 milhões de euros ao ano de 2015. Só os ganhos com os Jogos Sociais cresceram, nesse ano, 23,6 milhões de euros face ao ano anterior.
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