Ventura diz que Constituição "não é uma Bíblia" que não possa ser mudada. Gouveia e Melo diz estar disposto a mudanças
André Ventura e Henrique Gouveia e Melo protagonizaram mais um frente a frente no âmbito dos debates presidenciais. Lei da Nacionalidade e revisão da Constituição marcaram os temas da discussão.
Os candidatos à corrida a Belém André Ventura e Henrique Gouveia e Melo encontram-se na noite desta segunda-feira para mais um frente a frente das Presidenciais.
O primeiro a ter a palavra foi André Ventura. O presidente do Chega começa por comentar a hipótese de, apesar de vencer numa primeira volta, perder numa segunda. "Mais uma vez amanhã vou estar em tribunal por causa de ciganos e apesar disso tudo eu estou em primeiro", afirmou. André Ventura referiu ainda que, em relação à segunda volta, existem dois adversários que poderão estar presentes: o antigo almirante e António José Seguro.
"Nós temos que dar um murro na mesa do sistema político", disse, antes de antecipar um cenário de "todos contra" si na derradeira ida às urnas para escolher o sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa.
Seguiu-se a palavra para Gouveia e Melo, que refere que "valoriza apenas" uma única sondagem - o resultado das eleições. O antigo almirante refere uma "situação internacional verdadeiramente preocupante" e que se avizinham "tempos difíceis".
O submarinista recusou que tenha escolhido Mário Soares como referência. "Eu sempre fui de centro", assegurou.
"Eu defendo uma economia mais livre, aí estou mais à direita. Mas também defendo que o resultado dessa economia crie coesão social, aí estou mais à esquerda", disse o ex-chefe da Armada.
Ventura acusa o adversário de "traição às Forças Armadas, aos retornados", por este ter dito que se revia em Soares. Depois recordou o apoio declarado por José Sócrates ao militar.
Sobre um encontro que juntou aos dois candidatos, promovido pelo empresário Mário Ferreira, Gouveia e Melo referiu que "André Ventura não é um indivíduo perigoso, que não possa almoçar com ele". O presidente do Chega disse que não foi caso único, que também já esteve com Marques Mendes e com António José Seguro.
André Ventura aponta que Gouveia e Melo "começou por querer ser um candidato do PS", sublinhando que o antigo almirante está a disputar eleitorado com António José Seguro. Gouveia e Melo refuta. "Não sou candidato do Partido Socialista, sou candidato de um partido chamado Portugal", diz.
O líder do Chega referiu que o antigo almirante não explica as ideias concretas que tem sobre temas como as políticas de imigração, a lei da nacionalidade ou uma revisão constitucional, por pretender estar "em cima do muro" e querer "agradar a todos".
No que toca à emigração, Gouveia e Melo começa por referir a "emigração desregulada" que não permitiu integrar todas as pessoas na sociedade. "Eu concordo que a imigração mal integrada é um problema para o País".
"Sem estrangeiros a nossa economia iria ter um grande colapso", aponta ainda.
Sobre o chumbo de algumas das normas da Lei da Nacionalidade pelo Tribunal Constitucional, André Ventura aponta que "o País foi derrotado, o povo foi derrotado". O líder do Chega considerou que só há dois caminhos para quem vem para Portugal e não cumpre as regras: "ou a prisão ou a expulsão". Já Gouveia e Melo realça a importância da Constituição, refutando a ideia de que existam portugueses "de primeira e de segunda". "Todos os portugueses são iguais perante a lei", apontou.
Gouveia e Melo considera que a Lei da Nacionalidade "tem urgência", urgência essa que "não pode comprometer a constitucionalidade da lei".
"Mais uma vez vê-se que o meu adversário quer dizer tudo para agradar a toda a gente", respondeu André Ventura.
"Como é que garante que um cidadão a quem vai dar a nacionalidade não vai cometer crimes?", questiona Gouveia e Melo ao líder do Chega.
O líder do Chega garante que quer uma "revisão Constitucional" e aponta que os apoiantes de Gouveia e Melo "querem controlar a justiça". Depois de Ventura frisar que a Constituição "não é uma Bíblia" que não possa ser mudada, Gouveia e Melo admite estar disposto a algumas mudanças, "sem entrar em rutura com o sistema democrático".
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