Em 2015 “era crítico privatizar a TAP”, revela ex-secretário de Estado
Sérgio Monteiro foi ouvido no Parlamento sobre a privatização da transportadora aérea.
Tiago Rebelo
25 de Março de 2023 às 09:25
“Nunca é altura de brincar com o dinheiro dos portugueses. Uma injeção de fundos públicos [na TAP] estava fora de questão”, afirmou esta sexta-feira Sérgio Monteiro, ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, na comissão parlamentar de Economia, onde prestou esclarecimentos sobre o processo de privatização da TAP em 2015. O Governo de Passos Coelho não quis investir na TAP porque “uma injeção pública vem sempre com dor, dinheiro, cortes nos salários e redução das condições de vida. Daí, era crítico privatizar”, disse Sérgio Monteiro. O ex-secretário de Estado esclareceu que a TAP devia combustível à Galp, taxas aeroportuárias à ANA, a pequenos fornecedores.
De qualquer modo, Sérgio Monteiro recordou que o processo de privatização da TAP foi feito de acordo com a lei-quadro, que tem regras e enquadramento próprio, incluindo avaliações prévias independentes. O ex-governante explicou que foi nomeada uma comissão independente para fiscalizar o processo. Na altura, formalizaram-se convites a mais de 40 entidades, a maioria do setor da aviação, da Europa, Ásia, África, América, Médio e Extremo Oriente. Mas apenas oito aceitaram assinar o acordo de confidencialidade e só três se mostraram “verdadeiramente interessadas”.
O certo é que o Governo optou pelo “caminho mais difícil”, porque negou o que todos os concorrentes queriam, que era comprar apenas o transporte aéreo da companhia, como foi o caso da Lufthansa e da Ibéria. O negócio de manutenção no Brasil nunca foi “um ativo estratégico”, mas um “sorvedouro de dinheiro”, disse Sérgio Monteiro. “Se tivéssemos ido pelo caminho fácil, teríamos privatizado apenas o lucro. Recusámos este caminho por respeito aos portugueses.”
A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, será ouvida a 4 de abril noutra comissão parlamentar, a de inquérito à atual gestão da TAP.
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