"Sinceramente nunca vi ninguém tão mal preparado para lidar com este dossier como as autoridades britânicas e a senhora Theresa May", criticou.
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A cabeça de lista do BE às eleições europeias, Marisa Matias, afirma que Theresa May "não teve nenhuma capacidade" para lidar com o 'Brexit' e devia "deixar cair algumas linhas vermelhas", sobretudo em relação aos direitos dos trabalhadores.
"Sinceramente nunca vi ninguém tão mal preparado para lidar com este dossier como as autoridades britânicas e a senhora Theresa May. Não teve nenhuma capacidade de lidar com isto", critica Marisa Matias em entrevista à agência Lusa.
A eurodeputada, que se candidata a um terceiro mandato no Parlamento Europeu (PE), as eleições realizam-se em 26 de maio, salienta que "deve ser respeitada a vontade do povo britânico" e "a proteção dos direitos dos trabalhadores".
"É inacreditável [May] colocar como linha vermelha das negociações a igualdade de direitos aos trabalhadores europeus no Reino Unido", afirma, frisando que há 3,5 milhões de trabalhadores europeus no país e 1,5 milhões de britânicos noutros Estados-membros da União Europeia (UE).
"É impensável. E, como é óbvio, a UE está bem quando diz que o acordo tem de dar igualdade de condições aos trabalhadores europeus", diz.
Marisa Matias defende que para um prolongamento do prazo de negociações, hipótese colocada depois do chumbo do parlamento britânico ao acordo negociado entre Bruxelas e Londres, "tem que haver vontade das duas partes para continuar a negociar".
E isso, explica, pode passar "por uma mudança por parte das autoridades britânicas", como "deixar cair algumas das linhas vermelhas, e, em particular, a da proteção dos trabalhadores europeus".
"Não creio que seja legítimo que a UE diga que vamos abrir espaço para retardar as negociações, e portanto atrasamos mais uns meses, mas, da nossa parte, esse espaço é para que pensem melhor, porque não vamos mudar rigorosamente mais nada porque este é o melhor acordo possível", condena.
"Não há nenhuma razão para castigar o povo britânico por ter escolhido sair, independentemente da nossa opinião pessoal. É uma decisão que foi tomada, que já divide o próprio Reino Unido, não é a UE que deve dar lições", sublinha.
Marisa Matias assegura que um 'hard-Brexit', ou a saída sem acordo, seria "mau para todas as partes", mas a decisão de "enviar uma missão aos 27 países da UE para começar a definir e a propor possibilidades de diálogo bilateral" mostra que é cada vez mais provável.
Nessa perspetiva, defende que o Governo de Portugal "já devia estar a negociar a nível bilateral", ou "a preparar essas negociações", "para proteger a comunidade emigrante portuguesa e dar igualdade de proteção aos britânicos em Portugal".
Defesa da democracia está em jogo nestas eleições
Na primeira grande entrevista depois de ter sido escolhida para encabeçar, de novo, a lista do BE às eleições europeias de 26 de maio, Marisa Matias escusa-se a traçar uma meta eleitoral e a "pôr números", mas admite que parte para a campanha "com o objetivo de aumentar a representação", que neste momento é de apenas um lugar.
"Nesta campanha estão muitas coisas em jogo, desde logo a defesa da própria democracia", avisa.
A eurodeputada do BE admite que "a democracia se viu muito limitada nos últimos anos", tal como "a capacidade de decisão dentro dos próprios Estados-membros" pelas imposições de Bruxelas, continuando essa a ser uma "luta fundamental que tem que ser feita".
"Mas a defesa da democracia agora vai para além dessa, é também da própria defesa do Estado de direito. Estamos numa fase em que é preciso defender os direitos mais básicos e mais fundamentais que nós julgávamos adquiridos", aponta, dando ainda o exemplo das "questões de direitos humanos fundamentais e de igualdade, da proteção dos migrantes".
Enumerando outros eixos da campanha, Marisa Matias refere-se ao "cruzamento profundo entre a política europeia e a política nacional na defesa do Estado social e dos serviços públicos", um aspeto que considera "comum nos dois campos de batalha".
"Eu creio que a democracia, o Estado de direito, a luta por maiores espaços e esferas de soberania no que diz respeito à decisão das políticas nacionais, fugir a esses garrotes dos tratados e a questão das alterações climáticas são eixos fundamentais na campanha que vai começar", resume.
Desde os maus resultados do BE nas europeias de 2014 -- passou dos três mandatos de 2009 para apenas um -, o partido cresceu quer nas eleições presidenciais (nas quais Marisa Matias foi cabeça de lista) quer nas legislativas.
Questionada sobre se o contágio da "geringonça" -- nome dado à solução política de apoio parlamentar do Governo minoritário do PS por todos os partidos de esquerda (BE,PCP,PEV)-- será positivo ou negativo para o Bloco, a eurodeputada recandidata assume que não sabe a resposta.
"Se nós olharmos para aquilo que foi o resultado objetivo desta solução, a tendência seria dizer que beneficiaria, porque o plano económico que foi aplicado em Portugal, as opções políticas que foram decididas estão muito longe daquilo que era o plano macroeconómico apresentado pelo PS às eleições de 2015", teoriza.
Recusando estar a fazer "propaganda barata", Marisa Matias é perentória: "foi desses compromissos que resultaram as melhorias mais significativas para a vida dos portugueses e das portuguesas".
No entanto, a dirigente do BE sabe que os "cálculos não são feitos assim" porque "os votos são das pessoas".
"A leitura das pessoas pode ser diferente e havendo um Governo minoritário pode haver essa tendência para que seja o partido do Governo a capitalizar mais do que os outros que se juntaram nesta solução", admite.
Para Marisa Matias "está tudo em aberto".
"Mas cabe-nos a nós também fazer essa disputa, não só por aquilo que foi o papel e uma marca real do Bloco nos últimos anos nas mudanças em Portugal, mas também exigir o que não foi feito", apela.
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