O primeiro-ministro António Costa "está a fazer chantagem com os funcionários públicos ao dizer que ou aumenta salários ou gera mais emprego", atira Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, afeta à CGTP.
Em declarações ao
CM, a dirigente sindical contesta a posição assumida por Costa numa entrevista publicada este domingo no ‘
DN’: "Se gastarmos tudo a aumentar salários não temos dinheiro para contratar". E conclui dizendo que, "em 2019, é mais importante contratar novos funcionários do que subir ordenados".
"É desajustada esta ideia, porque não é com baixos salários que vamos ter melhores serviços públicos", defende José Abraão, secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), ligado à UGT.
"Os serviços precisam de mais trabalhadores mas os salários estão congelados há quase 10 anos, não pode ser", acrescenta Avoila. "Se queremos serviços de qualidade não só é preciso mais recursos humanos como temos de subir os ordenados em 2019 em pelo menos 2,75%", vinca Abraão.
As duas maiores federações sindicais da Função Pública confessaram-se surpreendidas com as declarações de Costa, porque "violam o princípio da negociação coletiva. É em sede de concertação social que se discutem estas matérias".
Primeiro-ministro reeleito líder do PSAntónio Costa foi reeleito secretário-geral do PS, com 96% dos votos. Este domingo, agradeceu a "forma tão expressiva" como os militantes "renovaram a confiança" na sua liderança. E prometeu estar concentrado na execução do programa do Governo, "até ao final da legislatura".
Negrão contra política de baixos saláriosO líder da bancada parlamentar do PSD, Fernando Negrão, acusa o Governo de de "não estar a fazer o caminho correto relativamente à Função Pública". Ao
CM, Negrão diz que é "contra a política de baixos salários" e aconselha o Executivo PS a usar "o dinheiro para valorizar os quadros da Função Pública". "Só desta forma podemos evitar as tragédias que têm acontecido em setores tão vitais como a saúde ou a proteção civil", conclui.
PCP pede 35 horas/semanaO PCP propõe a redução generalizada do horário de trabalho para as 35 horas semanais, setor privado incluído, calculando que a medida corresponda a um alívio de 240 horas anuais a cada pessoa.
O partido espera que a medida promova "a criação de mais 440 mil empregos", disse a deputada Rita Rato. O PCP promove esta segunda-feira uma audição pública sobre o tema. BE, PEV e PAN apresentaram propostas idênticas.
PORMENORESDespesa limitadaO Programa de Estabilidade 2018-2022 prevê um aumento de apenas 350 milhões de euros em gastos com a administração pública.
Salários congeladosDesde 2009 que os funcionários públicos não são aumentados. A perda salarial real é superior a 20% em algumas carreiras.
Mais funcionáriosO primeiro-ministro admite que em 2019 vai contratar mais enfermeiros, professores, auxiliares de educação e mais elementos das forças de segurança.